Todos os anos, na liturgia do Domingo de Ramos, faz-se a leitura de uma das narrativas da Paixão e morte de Jesus. Na mesma celebração, no entanto, se lê também uma das versões da entrada de Jesus em Jerusalém. Neste ano, por ocasião do ciclo litúrgico B, temos a oportunidade de ler e refletir sobre os dois episódios a partir do Evangelho de Marcos. Por questão de espaço e relevância, concentraremos nossa reflexão no relato da paixão, apenas. No entanto, serão feitos acenos ao episódio da entrada de Jesus em Jerusalém, sobretudo na contextualização. O relato da paixão é um texto bastante longo – Mc 14,1–15,47 –, que compreende dois capítulos inteiros, totalizando cento e dezenove versículos, sendo que as comunidades têm a opção de ler a forma abreviada (Mc 15,1-39). Em nossa reflexão, consideraremos o texto completo, embora sua longa extensão não permita um comentário mais pormenorizado versículo por versículo. Por isso, procuramos colher o sentido global do texto, destacando alguns elementos específicos considerados mais relevantes, partindo de uma ampla introdução contextualizadora. Não trataremos do episódio da ceia com o abreviado relato da instituição da Eucaristia, embora faça parte do evangelho de hoje e possua grande relevância no quadro da paixão, devido ao destaque que a liturgia da Quinta-Feira Santa já reserva à Eucaristia, embora empregando um texto do Quarto Evangelho.
Embora o
nosso foco neste ano seja especificamente o relato de Marcos, os aspectos
introdutórios que abordamos aqui valem também para os demais evangelhos. E iniciamos
a contextualização recordando que os relatos da paixão de Jesus constituem o
núcleo de base da redação dos Evangelhos. Foi a partir destes relatos que os Evangelhos
surgiram enquanto livros. Um famoso teólogo alemão – Martin Kähler (1835-1912) – chegou a afirmar que «os
Evangelhos são os relatos da paixão com ampla introdução». É claro que uma
afirmação desse tipo possui exageros, mas ajuda a compreender e ilustrar a
importância dos relatos da paixão no processo de formação dos Evangelhos e,
sobretudo, no fortalecimento da fé das primeiras comunidades cristãs. Ora, como
a catequese e a vida litúrgica das comunidades giravam em torno do anúncio do
Cristo Ressuscitado, aos poucos, surgiram muitas dúvidas a seu respeito, à
medida em que as explicações iam se tornando repetitivas e, consequentemente,
insuficientes. Essas dúvidas se traduziam em perguntas como estas: «Como
Jesus viveu e morreu? Como foi a morte daquele que ressuscitou?». Diante de
tais questionamentos, a primeira necessidade foi contar como se deu a morte de
Jesus, pois só pode ressuscitar quem antes passa pela morte. Diante disso, surgiu
a necessidade de contar como Jesus morreu. Por isso, os relatos da paixão
ganharam tanta importância nos primórdios do cristianismo.
Com as
primeiras perseguições, tanto das autoridades romanas quanto das lideranças
religiosas do judaísmo, a morte se tornava cada vez mais presente na vida das comunidades,
não apenas enquanto tema, mas enquanto realidade e possibilidade concreta, pois
o anúncio e a adesão ao nome de Jesus passava a ser sinal de perigo. Quando se
fala do nome de Jesus, no contexto das primeiras comunidades, compreende-se todo
o seu projeto de vida e libertação, ou seja, a sua mensagem. Diante, isso, para
quem não tinha convivido com Jesus, tornava-se cada vez mais difícil perseverar
na fé, acreditar no seu nome e na sua ressurreição. E, para animar e fortalecer
uma comunidade ameaçada pela perseguição, nada mais adequado do que reconstruir
a história da perseguição e morte de Jesus, enaltecendo sua fidelidade aos
propósitos do Pai e a sua resistência. Os evangelhos, enquanto livros,
surgiram, portanto, como resposta às dúvidas e crises vividas pelas primeiras
comunidades. É claro que toda a vida de Jesus, desde o início com a pregação do
Batista, é edificante para as comunidades cristãs. Mas, a memória da sua paixão
foi a primeira necessidade para dar credibilidade ao anúncio da ressurreição.
Ao ler o relato da paixão, portanto, estamos lendo o ponto de partida do
evangelho escrito.
Tendo acesso
hoje aos textos inteiros dos evangelhos, percebemos que o relato da paixão que
estamos lendo mostra a conclusão de uma vida que não poderia ter um fim
diferente. Ora, desde o início, a mensagem de Jesus foi uma alternativa aos
sistemas vigentes, político e religioso e, consequentemente, uma incômoda ameaça
aos grupos privilegiados do seu tempo. Logo, seu desfecho final foi o rechaço
por parte desses sistemas. Durante a sua trajetória terrena, Jesus praticou e
pregou o que a religião e o sistema político da época não priorizavam: o amor
gratuito e incondicional ao próximo, a justiça, a gratuidade nas relações, o
perdão ilimitado, o cuidado com os mais necessitados, a solidariedade, a
acolhida aos excluídos e marginalizados, e o bem acima de tudo. Uma vida
marcada por estas características não poderia ter outro fim, senão a condenação
e morte precoces, pelos sistemas que não compactuavam com essa mensagem. É
importante perceber que a cruz, a pior das penas aplicadas na época, não foi
predestinação e nem acidente, mas consequência de uma trajetória marcada pelo
inconformismo diante das atrocidades do sistema. Jesus não se adequou aos
padrões de comportamento da época: não foi um cidadão exemplar, como exigia o
poder romano, nem um devoto fiel, como exigia a religião judaica, pois sua
obediência e fidelidade estavam todas voltadas para o Pai do céu, tendo em vista
a edificação do seu Reino na terra.
O cenário da
paixão é a cidade de Jerusalém, obviamente, onde Jesus viveu os últimos dias do
seu ministério, que por sinal, foram os mais polêmicos. Após uma entrada
triunfante na grande cidade, para participar das festividades pascais (Mc
11,1-11), logo começaram os conflitos, tendo a denúncia do templo como ponto de
partida (Mc 11,12-19). Na verdade, a chegada de Jesus em Jerusalém já prefigura
o desfecho, ou seja, sua morte na cruz. Aquele povo que o saudou festivamente com
mantos, ramos e cantos de Hosana (Mc 11,8-9) eram peregrinos que se sentiam
explorados pela religião do templo e, por isso, sonhavam com mudanças a cada Páscoa
celebrada. E viram em Jesus uma esperança. É claro que isso não passou despercebido
pelos dirigentes romanos e judeus, os quais, sentindo-se ameaçados, já
suspeitavam das aspirações de Jesus e vigiavam seus passou há bastante tempo. Fazia
tempo que a Páscoa tinha deixado de ser uma festa de libertação e se
transformado em comércio, tornando-se também mais um instrumento de exploração,
ajudando a legitimar o abuso de poder exercido pelas autoridades de Jerusalém, principalmente
a elite sacerdotal. Certamente, muitos dos que saudaram Jesus como Messias e
rei não acreditavam em suas credenciais messiânicas, mas o fizeram por não
suportar mais a maneira como estavam sendo governados e explorados.
Da entrada
festiva, passa-se ao episódio da denúncia do templo, quando Jesus expulsou de
lá os vendedores, compradores e cambistas, inconformado por ver a casa de
oração transformado em covil de ladrões. Também esse gesto deve ter atraído a
atenção e o interesse de muitos peregrinos que já se encontravam em Jerusalém e
se sentiam explorados com o comércio praticado no templo. Da mesma forma, deve
ter despertado ainda mais o ódio nas classes dirigentes, que viam com urgência
a necessidade de eliminá-lo. Esse episódio desencadeou uma série de confrontos
com os grupos político-religiosos hegemônicos, com Jesus se sobressaindo em
todos eles, sobretudo nos debates em relação à interpretação da Lei. Por questão
de prudência e medo da reação do povo, partiram para o confronto intelectual, inicialmente.
Depois, percebendo que não conseguiam vencer Jesus no campo das ideias, estes
grupos apelaram para a violência, formando um consórcio de morte junto ao poder
imperial, para eliminá-lo. E quando o confronto se dá pela força e pela
violência, Jesus já não reage, pois, as suas armas não são as do sistema. Por
isso, o relato da paixão é tão dramático e doloroso, pois Jesus faz do silêncio
e da aparente passividade a sua maneira de reagir e denunciar, deixando até
mesmo seus discípulos desconcertados e decepcionados, ao perceber que sua
messianidade não correspondia às suas expectativas e aspirações.
Olhemos então
para o texto, recordando que, embora o cenário da paixão seja Jerusalém, a
primeira cena do evangelho de hoje acontece ainda em Betânia, uma pequena
aldeia localizada a cerca de três quilômetros de Jerusalém, e ponto de apoio de
Jesus nos últimos momentos de sua vida terrena. É uma cena muito importante,
pois apresenta a unção de Jesus por uma mulher desconhecida (14,3-9) que,
associada ao final do relato (15,47), compõe a moldura de toda a narrativa da
paixão, marcada, do começo ao fim, pela presença das mulheres, cuja coragem e
perseverança contrapõe-se ao medo e covardia dos discípulos homens. A mulher
que unge o corpo de Jesus é uma profetisa anônima. Ela deposita sobre Jesus uma
carga de amor imensurável, representado pelo perfume, que nenhum discípulo de
primeira hora fora capaz de fazer. Pelo contrário, até a repreenderam pelo
gesto, com um falso discurso em favor dos pobres que, não passava de retórica,
sendo corrigidos pelo próprio Jesus (14,7-9). Esse gesto não apenas prepara
Jesus para a sepultura, como a prefigura: serão as mulheres as testemunhas da
boa ação de José de Arimatéia, o responsável pelo sepultamento de Jesus, e é
com elas que o relato da paixão se encerra: «Maria Madalena e Maria,
mãe de Joset, observavam onde Jesus foi colocado» (15,47). Serão elas
também as primeiras testemunhas da ressurreição. Isso mostra claramente que a
comunidade de Jesus nasce fora dos padrões do patriarcado.
O segundo
aspecto do relato que destacamos, por sinal negativo, é a dispersão da
comunidade dos discípulos: «Então todos o abandonaram e fugiram» (14,50).
Os discípulos, também sedentos por mudanças, sentem-se frustrados na medida em
que percebem que o projeto de Jesus não corresponde às suas expectativas. No
início do evangelho, Marcos tinha afirmado que, diante do chamado ao
seguimento, «os discípulos abandonaram tudo e seguiram Jesus» (1,18.20).
Agora, é a Jesus que eles abandonam. Judas tinha acabado de entregá-lo,
Jesus está sendo preso, e os discípulos lhe negam a mínima solidariedade. O
mais resistente, o último a fugir, é um jovem anônimo, que foge nu (14,51-52),
sendo que não fazia parte do seleto grupo dos doze. Por sinal, esse é um
detalhe exclusivo do Evangelho de Marcos: um jovem que foge nu. Inclusive, muitos
estudiosos vêem nesse jovem a figura do próprio evangelista Marcos. A fuga dos
discípulos é sinônimo de medo e covardia, mas também de decepção com o pretenso
Messias. Jesus os tinha advertido sobre sua condição de Messias sofredor, mas
eles não tinham acreditado. Só acreditaram na última hora e não aceitaram. Por isso,
não é de causar surpresa que as multidões tenham preferido Barrabás, quando
interrogadas (15,6-15), pois nem mesmo os discípulos se mantiveram ao lado de
Jesus no momento mais difícil da sua vida.
Além da
traição de Judas e da fuga dos demais, outros aspectos negativos dos discípulos
também são evidenciados por Marcos. Tendo já denunciado a falta de perseverança
na oração (14,32-42), o evangelista denuncia também a superficialidade no
seguimento deles, ao recordar esta atitude de Pedro, após a prisão: «Pedro
seguiu Jesus de longe» (14,54a). Ora, seguir de longe é não se
comprometer; significa acompanhá-lo fisicamente, até certo ponto, sem abraçar
plenamente a sua causa. Embora os demais já não o estivessem seguindo nem mesmo
de longe, não é admissível na comunidade um discipulado tão superficial assim.
Quem segue de longe não suporta a pressão nem a perseguição, por isso está
fadado à negação, como de fato aconteceu com Pedro. Ora, ao ser identificado como
galileu e seguidor de Jesus, Pedro reagiu, dizendo: «Nem conheço esse
homem de quem estais falando» (14,71b). O evangelista deixa
claro, com isso, que não pretende denunciar com seu relato somente as forças
externas que perseguiram Jesus e perseguem a comunidade. Também de dentro da
comunidade podem surgir muitas forças tão danosas ao seu crescimento quanto os
poderes externos. É claro que os discípulos não poderiam fazer muita coisa
àquela altura; na verdade, não poderiam fazer nada, em termos de reação. Mas
poderiam, pelo menos, manter-se solidários, acompanhando passo a passo o
processo e a condenação.
O duplo
julgamento de Jesus, um político e outro religioso, ou seja, diante do sinédrio
e de Pilatos (14,53-65; 15,1-15), mostra a união das forças hostis, pois judeus
e romanos não se suportavam. Mas, tendo identificado Jesus como um inimigo em
comum, os dois poderes se uniram para eliminá-lo, pois seu anúncio de
libertação e humanização oponha-se profundamente aos seus planos, denunciando
seus privilégios e as injustiças que cometiam para obtê-los. A mensagem de Jesus
desmascarava-os completamente. O sinédrio, órgão jurídico máximo do judaísmo, acusa
Jesus de blasfêmia, e ao poder romano ele será denunciado como subversivo e
agitador, alguém que pretende ser rei (15,2). Esses dois poderes estavam
viciados na corrupção, no suborno e na mentira; mantinham um relacionamento de
conveniência, tendo o povo pobre como alvo de suas cobiças. O movimento de
Jesus surgiu como alternativa a tudo isso; logo, a repressão seria inevitável.
A cruz é decretada como pena exemplar para Jesus. Em plena Páscoa, a festa
máxima dos judeus, a religião e o império não hesitam em condenar quem lhes parece
ameaça. Não obstante tanto sofrimento, Jesus manteve-se firme em seus
propósitos e na confiança no Pai. Não hesitou, mesmo não escondendo sua
humanidade. Gritou de dor, lamentou-se, mas não renunciou às suas convicções.
Em meio ao suplício e ao abandono dos seus, Jesus faz prevalecer as convicções
de seguir até o fim. Aquele projeto de vida nova, com justiça, igualdade e amor
sem distinção não poderia ser jogado fora de repente. O rosto amoroso do Pai
que ele veio revelar não poderia mais ser escondido.
A cruz veio,
portanto, como consequência de uma vida toda marcada pelo amor. E, em Jesus, ao
invés de ser simplesmente sinal de condenação, a cruz se tornou sinal de
salvação e de reconhecimento do seu amor e de sua pertença a Deus. Na cruz ele
foi escarnecido e humilhado, mas também reconhecido em sua mais profunda
identidade messiânica, como: «Na verdade, este homem era Filho de Deus!» (15,39c).
Essa é uma das afirmações mais profundas do evangelho de hoje, do inteiro Evangelho
de Marcos e até do Novo Testamento. Surpreende que essa declaração não saiu de
nenhum discípulo, mas de um oficial do exército, um soldado romano e, portanto,
um estrangeiro. Isso é significativo em dois aspectos, principalmente:
primeiro, porque é na morte de cruz que a identidade de Jesus é plenamente
revelada; segundo, porque daquele momento em diante, todos, independentemente
da etnia e da religião, podem conhecer o rosto verdadeiro de Deus revelado no
seu filho amado. Por isso, a confissão do oficial do exército romano é o ponto
culminante de todo Evangelho de Marcos. Inclusive, é a revelação definitiva do chamado
“segredo messiânico”, um dos temas teológicos e artifícios literários mais
relevantes de Marcos. Só na cruz esse segredo é revelado, pois só na cruz se
conhece verdadeiramente a identidade de Jesus. Tudo o que se dizia dele até
então era parcial, inclusive a confissão de Pedro na região de Cesareia de
Filipe também tinha sido parcial, pois ele tinha identificado Jesus como
Messias, mas ignorou a natureza da sua messianidade (Mc 8,27). A confissão do
centurião é completa.
O
reconhecimento do centurião é mencionado após o evangelista dizer que «a
cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes» (15,38).
Esse dado simbólico significa a falência completa da religião e do sistema que
tinham acabado de matar Jesus. A cortina ou véu do santuário marcava a
divisória do espaço sagrado do templo; somente
os sacerdotes podiam ultrapassar a divisória demarcada pelo véu. Jesus,
mesmo morrendo, mostra sua força; consegue abolir as divisões e rótulos
impostos pela religião. De agora em diante, conhece a Deus quem segue o seu
filho até as últimas consequências, quem vê na cruz instrumento de libertação e
não mais quem frequenta o templo e oferece sacrifícios conforme as prescrições
da Lei. A cortina do santuário rasgada é, portanto, o retrato de uma religião
exploradora destroçada pela verdade e o amor que Jesus revela na cruz. As duas
partes já não são símbolo de dois povos, mas de dois mundos: o mundo velho e o
mundo novo. O mundo velho passou, chegou o mundo novo, do qual a cruz é semeadura.
Aquela antiga religião, sobre a qual se sustentava o mundo velho, dividia,
segregava e rotulava as pessoas, além de explorá-las economicamente. A cruz
denuncia isso, mostrando que é só pelo amor que se relaciona verdadeiramente
com Deus. Na cruz, Jesus mostra que Deus, o seu Pai, não tem outra coisa a
oferecer ao mundo senão o amor.
A presença das
mulheres é destacada como testemunhas da morte de Jesus (15,40), como
consequência de um seguimento fiel e serviçal: «Elas haviam acompanhado
e servido a Jesus quando ele estava na Galileia» (15,41). Dos
discípulos homens, não se diz que eles serviam, mas apenas que seguiam, que
acompanhavam Jesus; provavelmente, foi por isso que não perseveraram até o fim.
E durante o seu ministério Jesus não cansou de mostrar a inseparabilidade entre
seguimento e serviço. A perseverança das mulheres diante da cruz se explica
porque, desde o início, elas abraçaram o seguimento como serviço, enquanto os
discípulos colocaram aspirações triunfalistas como motivação para o seguimento.
Sem pretensões de grandeza, motivadas pelo serviço, as mulheres testemunharam
até o fim, acompanhando também o sepultamento: «Maria Madalena e Maria,
mãe de Joset, observavam onde Jesus foi colocado» (15,47); elas foram
também as primeiras testemunhas da ressurreição. Sem sonhos triunfalistas, elas
não viram a morte de Jesus como fracasso ou falimento de um projeto; não se
sentiram perdedoras, mas viram até a morte como ocasião de testemunhar e
servir. Por isso, são modelos de discipulado para todos os tempos, pois foram
aquelas que acompanharam Jesus em todos os momentos da sua vida.
A comunidade
de Marcos foi edificada e fortalecida a partir deste relato. Compreendendo a
fidelidade com que Jesus abraçou o projeto de tornar o Reino de Deus acessível
a todos, é possível perceber que a morte não é capaz de destruir a vida de quem
se dedica dessa maneira ao bem de todos. A presença do Ressuscitado se tornou
certeza na comunidade porque percebeu-se que Deus não abandona jamais um
projeto quando esse é conduzido pelo amor. Também as comunidades de hoje são
chamadas a fazer experiência semelhante àquela de Marcos: perseverar com os
crucificados de hoje, todos os que lutam por um mundo de justo e humanizado, com
igualdade e amor, para que o Ressuscitado de ontem continue a ressuscitar em
cada coração hoje e sempre.
Pe. Francisco
Cornelio F. Rodrigues – Diocese de Mossoró-RN
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