sábado, agosto 26, 2023

MINHA IMPRESSÃO SOBRE CESARÉIA DE FILIPE, O CENÁRIO DA CONFISSÃO DE PEDRO






Em minha estadia na Terra Santa, durante o curso de arqueologia bíblica que fiz em 2022, um dos lugares visitados que mais me chamou a atenção foi o parque arqueológico de Banías, aos pés do famoso Monte Hermon, onde nasce o rio Jordão. É nesse parque onde estão as ruínas da antiga cidade romana de Cesaréia de Filipe, onde os evangelhos sinóticos localizam a confissão de Pedro, reconhecendo Jesus como o Messias (Mt 16,13-20; Mc 8,27-30; Lc 9,18-21).

Em geral, a Tradição fantasiou muito os lugares citados nos evangelhos, procurando determinar com precisão o espaço onde teriam ocorrido os eventos narrados. Houve certo exagero nessa tendência. No caso de Cesaréia de Filipe, me surpreendeu muito a ausência de qualquer demarcação para a cena da confissão de Pedro. Há apenas as ruínas da cidade, numa paisagem esplêndida, privilegiada pela natureza, com o verde da floresta, as pequenas cachoeiras do Jordão e o paredão de pedra que forma o Hermon.

Pela repercussão do episódio ao longo da história, e considerando o costume de supervalorizar certos espaços, imagino que poderiam ter fixado um espaço como o local preciso da confissão de Pedro e até construído uma igreja no local. A ausência disso me chamou muito a atenção, positivamente. Existe o lugar e, certamente, Jesus passou por lá com seus discípulos. Saber disso é suficiente. Quando há uma determinação precisa de certos espaços, percebe-se logo a superficialidade e a forçação de barra. Inclusive, existem espaços fixados como local preciso até de episódios comprovadamente não históricos.

Durante o curso, eu compartilhava essa impressão positiva com os professores e colegas. Cesareia de Filipe foi uma surpresa muito agradável. Na verdade, o curso todo foi uma experiência incrível, mas Cesareia de Filipe deu essa surpresa a mais. Lá, a gente não é forçado a assimilar um dado tradicional de precisão duvidosa, mas apenas convidado a contemplar e renovar as convicções do seguimento de Jesus, o Messias que é Filho do Deus vivente.

Pe. Francisco Cornelio – Diocese de Mossoró-RN

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