O evangelho que a liturgia propõe
para este quinto domingo do tempo comum é Mc 1,29-39. Esse texto é a
continuação e conclusão da chamada “jornada de Cafarnaum” (1,21-34), cuja
leitura fora iniciada no domingo passado (Mc 1,21-28). Ao mesmo tempo, esse
texto marca o início de uma nova etapa da missão de Jesus em outros lugares da
Galileia. De acordo com os evangelhos sinóticos (Mt, Mc e Lc), Jesus adotou a
estratégica cidade de Cafarnaum como ponto de apoio para o seu movimento. Para
Marcos, essa cidade possui um significado ainda mais forte, pois ele localiza
nela também a inauguração solene do ministério de Jesus, apresentando um dia
intenso de atividades, marcado pelo ensinamento com autoridade e uma sequência
de ações libertadoras e humanizantes (exorcismos e curas). Esse dia é chamado
pelos estudiosos de “Jornada de Cafarnaum”; funciona como uma síntese
programática de todo o ministério de Jesus com as suas principais
características – promoção e libertação total do ser humano – incluindo o
aspecto subversivo, pois trata-se de um sábado, dia em que não era permitido
fazer praticamente nenhuma atividade. Desse modo, o Reino anteriormente
anunciado como próximo (Mc 1,15), começava realmente a se manifestar
concretamente. Com a intensidade das atividades desenvolvidas num único dia, o
evangelista indica também como era a vida cotidiana de Jesus: ele passava o dia
inteiro fazendo o bem.
Se no domingo passado o evangelho
começava dizendo que Jesus tinha entrado na sinagoga, o texto de hoje inicia
afirmando o movimento contrário: «Jesus saiu da sinagoga» (v.
29a). Aqui, o evangelista emprega um verbo que não significa apenas sair, mas
também escapar, fugir, libertar-se (em grego έξέρχομαι – ecserkomai), fazendo assim uma clara relação
com o antigo êxodo. Com isso, Marcos ensina que a sinagoga não é lugar adequado
para o discipulado de Jesus; pelo contrário, como instituição integrante do
sistema religioso vigente, a sinagoga fazia parte do aparato de poder e
dominação que a religião exercia sobre as pessoas. E as instituições, de um
modo geral, são espaços hostis para o discipulado de Jesus porque tendem a
impedir a realização do ser humano em sua liberdade e dignidade plenas, pois, à
medida em que estabelecem normas e doutrinas rígidas, ignoram a ação contínua
do Espírito Santo. Logo, a sinagoga é um lugar do qual as pessoas devem ser
libertadas, na perspectiva do evangelista. Contudo, é um espaço que Jesus não
evitava; pelo contrário, ele frequentava assiduamente, porém, mais para
promover libertação do que para cumprir devoção. Por isso, será um espaço de
conflito constante no seu ministério. Na sequência narrativa da “jornada de
Cafarnaum” ainda não aparece conflito porque é apenas o começo do ministério de
Jesus. Ainda não deu tempo de despertar a forte oposição que vai surgir à sua
mensagem e ao seu jeito de ser, como será mostrado ao longo do livro.
O texto diz que, saindo da
sinagoga, «Jesus foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e
André» (v. 29b). A casa (em grego: οίκία – oikia) é a alternativa proposta por Jesus para
a realização do seu projeto em sua primeira dimensão espacial. No âmbito do
poder instituído, aqui representado pela sinagoga, não há espaço nem condições
para a realização do Reino de Deus. Por isso, é necessário buscar novas formas
viáveis de organização que permitam a realização do Reino e, consequentemente
da promoção da vida, com humanização e libertação plena das pessoas. Portanto,
a casa é a primeira alternativa aos espaços oficiais. Compreender esse deslocamento
da sinagoga para a casa é fundamental para a compreensão de todo o projeto de
Reino proposto por Jesus. A casa é o espaço eclesial por excelência; é na casa
onde Jesus fala abertamente com seus discípulos, é o lugar da compreensão, da
partilha. A Igreja primitiva adotou a casa como o lugar da liturgia, da
catequese e do encontro.
Se é na casa onde acontece a
vida, deve ser na casa onde se realiza o verdadeiro culto agradável ao Deus da
vida; um culto não ritual, mas serviçal. Do púlpito da sinagoga não era
possível conhecer as necessidades reais das pessoas; isso só é possível indo ao
encontro delas, ou seja, indo à casa. Na sinagoga, Jesus libertou um homem de
um espírito impuro, mas era um homem que conseguia se deslocar e era aceito na
assembleia. Espalhadas pelas casas, bem como por ruas e praças, havia muito
mais gente necessitada, incluindo quem não podia se deslocar e aquelas que,
mesmo tendo condições físicas de se locomover, não podiam entrar na sinagoga
devido às inúmeras leis de pureza que restringiam o acesso. Enfim, se ficasse
presa ao espaço da sinagoga, a mensagem de Jesus não teria a abrangência e nem
a liberdade que deve ter. Enfim, com essa oposição entre o entrar na sinagoga e
o sair de lá para uma casa, o evangelista faz um claro aceno à necessidade de
ruptura entre a mensagem de Jesus e a religião institucionalizada da época. Ao
chegar na casa com dois dos discípulos, João e Tiago, Jesus encontra uma
situação desconfortável e caótica, necessitada de um gesto libertador da sua
parte. Até então, ele só tinha quatro discípulos; o texto sugere que Simão e
André já estavam na casa, enquanto Jesus foi para lá acompanhado apenas de João
e Tiago.
E eis a situação que ele encontra
ao chegar na casa: «A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles
logo contaram a Jesus» (v. 30). Embora se tratasse apenas de
uma febre, de acordo com o texto, a mulher estava completamente paralisada,
impedida de exercer suas funções. Ora, se a mulher em pleno estado de saúde já
era pouco valorizada naquela sociedade, muito menos seria enquanto enferma.
Portanto, acamada e com febre, aquela mulher estava totalmente impotente,
desprovida de qualquer valor. É interessante que não aparece um pedido de cura;
os membros da casa apenas contam a Jesus o que estava acontecendo, deixando à
par da situação. Isso já evidencia a confiança que tinham nele; é sinal de que
ele já estava sendo reconhecido alguém que se preocupava com os outros, como
doador de vida e de sentido para a existência. Quer dizer que as pessoas
daquela casa tinham esperança de que Jesus poderia fazer algo em favor da
mulher enferma. É também sinal de que naquela comunidade embrionária a mulher
terá um papel relevante e até essencial, como mostrará a sequência do texto e
de todo o Evangelho de Marcos.
Estando ciente da situação, Jesus
não se omite, pois não permite o domínio do mal na vida das pessoas, como fora
evidenciado no evangelho do domingo passado, com o exorcismo na sinagoga. E,
para a mentalidade da época, qualquer doença era compreendida como maldição.
Por isso, «ele se aproximou, segurou sua mão, e ajudou-a a levantar-se» (v.
31a). O texto não menciona uma única palavra de Jesus, mas apenas gestos. Por
sinal, gestos sacrílegos e subversivos, considerando que era um dia de sábado
e, portanto, nenhuma atividade manual era permitida naquele dia. Certamente, o
evangelista pensou na sua e nas comunidades cristãs de todos os tempos: os
gestos de libertação falam mais do que longas e muitas palavras. Por isso, sem
medo de transgredir normas, e movido por amor, Jesus se aproxima de uma pessoa
com a vida ameaçada. Ele não teme nem foge das situações concretas de dor e
sofrimento, mesmo que tal atitude seja proibida pela religião.
O gesto de segurar pela mão
significa a ação libertadora de Deus ao longo da história. Tanto o êxodo quanto
a libertação do exílio babilônico foram atribuídos à força e aos cuidados da
mão de Deus (Ex 13,16; Is 41,13; Sl 136,12; etc.). Logo, segurar pela mão é um
gesto que expressa o cuidado de Deus para com a humanidade, e Jesus veio ao
mundo para tornar esse cuidado acessível a todas as pessoas. É importante
recordar que, na versão paralela desse episódio nos outros evangelhos sinóticos,
se diz que Jesus apenas tocou na mulher e ela se levantou sozinha (Mt 8,14-15;
Lc 4,38-39). Apenas Marcos diz que Jesus a levantou, segurando pela mão, embora
na tradução do lecionário não fique muito claro, pois diz que ele a ajudou a se
levantar. Numa tradução mais consistente, se percebe que ele a levantou, de
fato, o que torna ainda mais claro que ele realiza plenamente a obra
libertadora de Deus. Recordando esse detalhe, percebemos melhor o quanto o
gesto de Jesus foi subversivo, pois, ao levantar a mulher, ele fez esforço
físico, segurou um peso, o que era totalmente proibido fazer em dia de sábado. Com
um cuidado incomparável, Jesus manifesta sua opção incondicional pela vida e o
bem do ser humano.
Ainda sobre o gesto de levantar a
mulher, vale lembrar que o evangelista emprega o mesmo verbo grego usado para
falar da ressurreição de Jesus (Mc 16,6): έγείρω – egheiro. Com isso,
ele quer dizer que Jesus restituiu a vida para aquela mulher; Jesus a levantou
e a fez voltar a viver. A ressurreição é, por excelência, o triunfo da vida
sobre a morte e suas causas. Um gesto simples como segurar a mão do outro na
necessidade pode erguer uma vida, logo, é a ressurreição acontecendo. Significa
que a vida cristã deve ser vivida de mãos dadas, em comunidade, com plena
solidariedade e comunhão. Por isso, a atitude de Jesus aqui é paradigmática e
comprometedora para seus discípulos de todos os tempos. Faz parte da essência
do ser cristão/cristã pegar na mão do outro e levantar. E são muitas as pessoas
caídas ou acamadas nos dias de hoje, necessitando de mãos que as levante.
Eis, então, as consequências da
ação de Jesus: «Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los» (v.
31b). O mal, representado no texto pela febre, não resiste à presença amorosa e
cuidadosa de Jesus. Sendo o mal banido da comunidade, as atitudes de serviço se
evidenciam. E o serviço é a primeira consequência do encontro verdadeiro com o
amor restaurador de Jesus, e o critério para verificar se esse amor está sendo
vivido na comunidade cristã. Jesus é doador de vida, e quem recebe essa vida se
torna servo e serva de todos, como ele mesmo. Ao evidenciar a atitude de
serviço desta mulher específica, o evangelista recorda a importância que as
mulheres tinham na Igreja primitiva e devem ter em todos os tempos. Inclusive,
ele se refere à atitude da mulher – servir – com um verbo muito caro para as
primeiras comunidades cristãs: o verbo grego diakonêo (διακονέω), o qual, de imediato, faz recordar as palavras
diaconia e diaconato. Uma vez libertada e humanizada por Jesus, a mulher se
tornou também agente de humanização para a comunidade, mediante a atitude do
serviço.
Na sequência, diz o evangelista
que «À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram a Jesus todos os
doentes e os possuídos pelo demônio» (v. 32). O indicativo
temporal “depois do pôr do sol” significa o início do novo dia, portanto, já
não era mais o sábado. Certamente, as pessoas estavam cumprindo o preceito,
esperando passar o sábado para levarem seus doentes até Jesus; ainda não tinham
compreendido que o bem do ser humano deve estar acima de qualquer norma. Além
das doenças e os espíritos impuros, as pessoas estavam oprimidas também pela
religião legalista. Estavam literalmente sob o julgo da Lei. Como a fama de
Jesus tinha se espalhado rapidamente (Mc 1,28), era grande a procura pelo seu
agir libertador e humanizante. Nos casos da libertação do homem encontrado na
sinagoga com um espírito mau, e da cura da sogra de Pedro, a iniciativa foi
totalmente de Jesus. Ele agiu sem ninguém pedir nada. Agora, são as pessoas que
vão até ele, levando seus doentes, o que faz supor que, implicitamente, estavam
pedindo que ele as curasse e libertasse. Isso atesta como a jornada de
Cafarnaum despertou fama, curiosidade e popularidade.
A consequência da fama de Jesus
ter se espalhado tão rapidamente é atestada pelo evangelista quando afirma que «A
cidade inteira se reuniu em frente da casa» (v. 33). Com isso,
o evangelista insiste ainda mais com a ideia da casa como alternativa e
oposição à sinagoga. Inclusive, a própria palavra sinagoga significa reunião,
mas, ironicamente, o evangelista diz que o lugar de reunião da comunidade
seguidora de Jesus é a casa. Se Jesus está na casa, é ali onde as pessoas devem
se reunir, como realmente acontecia. E, se as pessoas estão reunidas na casa, é
ali onde Jesus está presente. A reunião “em frente da casa” é sinal de
liberdade, acolhida e fraternidade, os principais valores da comunidade cristã.
Isso recorda o quanto as pequenas comunidades reunidas nas casas devem ser
valorizadas, pois exprimem a verdadeira identidade da Igreja.
É importante recordar
que, embora tenham levado todos os doentes, o evangelista diz que «Jesus
curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios» (v.
34). Parece que não curou todas as pessoas doentes, embora tenha curado muitas.
É um dado que passa quase despercebido, mas é muito relevante. Por se tratar de
uma obra mais curta, as entrelinhas do Evangelho de Marcos falam tanto quanto o
que aparece explicitamente nas linhas. Provavelmente, algumas pessoas doentes
que foram levadas ao encontro de Jesus não saíram de lá curadas, considerando a
cura não apenas como o fim de uma doença, mas como um processo de renovação e
emancipação do ser humano. Ora, aproximar-se fisicamente de Jesus não significa
entrar em comunhão com ele.
Nas multidões, sempre há
incompreensão, falso entusiasmo, risco de dispersão. Estar no meio da multidão
não significa necessariamente estar em comunhão. Não basta ir fisicamente ao
encontro de Jesus ou participar de momentos de reunião na comunidade; é necessário,
antes de tudo, ter disposição interior e disponibilidade para viver os valores
do Reino, aceitando e assimilando sua proposta de vida. O autêntico encontro
com ele ressignifica a existência, e nem todas as pessoas estão dispostas a
isso. Por isso, uma comunidade não deve entusiasmar-se simplesmente por juntar
multidões; é necessário muito mais para ser, realmente, uma comunidade de
discípulos e discípulas de Jesus. É preciso aceitar viver a partir do seu
programa, como fez a sogra de Pedro, colocando-se em atitude de serviço,
imediatamente, após ser curada da sua febre.
Terminada a chamada “jornada de
Cafarnaum”, Jesus inicia uma nova fase do seu ministério. Como comunicador do
Reino de Deus, ele precisava nutrir sua intimidade com o Pai através da oração,
como atesta o evangelista: «De madrugada, quando ainda estava escuro,
Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto» (v. 35). Essa
informação também é muito significativa. Embora Marcos não chegue a desenvolver
uma “teologia da oração” como Lucas, por exemplo, ele recorda Jesus rezando em
três ocasiões importantes: aqui, após a jornada de Cafarnaum; após a primeira
multiplicação dos pães (Mc 6,46); e no Getsêmani, às vésperas da crucifixão (Mc
14,35). Significa que esses três momentos são indispensáveis para a catequese
da comunidade. Jesus sentia necessidade de comunicar-se com o Pai para
permanecer fiel em sua missão.
Marcos não fala do conteúdo da
oração de Jesus, mas pelo que se conhece dos outros evangelhos sinóticos (Mt;
Lc), ele rezava dialogando com o Pai. Por meio da oração, ele buscava
compreender a vontade do Pai e alinhar-se sempre mais a ela. A atitude de
retirar-se para rezar mostra também que ele não se deixou levar pelo aparente
sucesso do dia anterior. A oração capacita para o discernimento, fortalece as
convicções. Certamente, muitas vezes o ativismo das comunidades deixa essa
dimensão importante da vida cristã passar despercebida. Aqui o evangelista faz
uma advertência para a sua comunidade e para as comunidades de todos os tempos.
Na sequência, diz o texto que,
enquanto rezava, «Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. Quando
o encontraram, disseram: ‘Todos estão te procurando’» (vv.
36-37). Os discípulos, ainda principiantes no seguimento, queriam certamente
que Jesus repetisse os feitos da jornada anterior. É a tentação do comodismo,
da fama e do poder. Por “Simão e seus companheiros” compreende-se o grupo dos
quatro primeiros discípulos chamados até então. Por um lado, obviamente, se vê
uma certa solidariedade dos discípulos para com as pessoas necessitadas que
procuravam Jesus; por outro, fica claro o entusiasmo com o sucesso e o desejo
de monopolizar o agir e a presença dele. Eles queriam que crescesse a fama de
Jesus como realizador de milagres, enquanto Jesus veio ao encontro da
humanidade para realizar a vontade do Pai, humanizando o mundo.
Por isso, alimentado pela oração
e cada vez mais convicto de sua missão, «Jesus respondeu: ‘Vamos a
outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para
isso que eu vim’» (v. 38). Aqui o aspecto dinâmico e itinerante
do movimento de Jesus é evidenciado, bem como o universalismo do seu alcance é
pré-anunciado. Mesmo sendo desenvolvida inicialmente na Galileia, a itinerância
da missão de Jesus antecipa a universalidade que deve marcar o discipulado
cristão de todos os tempos. Cafarnaum era apenas um ponto de apoio; a missão de
Jesus não poderia ficar circunscrita a uma localidade. O instalar-se duradouro
num lugar pode gerar comodismo. Ir a outros lugares é uma necessidade de quem
vive a Boa Nova e os valores do Reino.
É preciso ir aonde as pessoas têm
necessidade de vida abundante e de libertação, como atesta o versículo
conclusivo: «E andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e
expulsando os demônios» (v. 39). A pregação e a
expulsão dos demônios sintetiza a práxis de Jesus. Quer dizer que a sua missão
é marcada por palavras e ações, como deve ser a missão da comunidade cristã em
todos os tempos. A pregação só tem credibilidade se for acompanhada de gestos
concretos de libertação em favor das pessoas mais necessitadas. A expulsão dos
demônios significa o bem operado por Jesus em todas as dimensões; é a
libertação do ser humano de todas as amarras, e ele priorizava os ambientes
onde as pessoas estavam mais acorrentadas: os espaços de domínio da religião,
como símbolo de todas as formas de poder e dominação. Ele ia às sinagogas e
saía, após libertar e ensinar. A expressão “suas sinagogas” alude ao
distanciamento que Jesus começa a tomar das instituições de Israel. É um
prenúncio do conflito com a religião oficial que irá marcar todo o seu
ministério, cujo ápice será o processo em Jerusalém. Certamente, por onde
passava ele fazia a passagem da sinagoga para a casa, libertando do peso da Lei
para o bem da vida, em espírito de serviço e gratuidade.
À maneira de Jesus, as
comunidades cristãs de hoje devem priorizar a importância e a necessidade de ir
sempre a outros lugares, com a disposição de estender a mão e levantar pessoas
caídas. É essa a postura de uma Igreja em saída e fiel aos ensinamentos de
Jesus. Os “outros lugares” são todas as margens e encruzilhadas onde há pessoas
necessitadas e excluídas, vítimas das mais diversas formas de dominação e
exploração. Mas é também a casa, onde muitas vezes há pessoas acomodadas,
fechadas e solitárias, necessitadas de humanização, encontro e partilha. E tudo
isso, é claro, só tem sentido e credibilidade se houver coerência entre a
pregação e gestos concretos de libertação. E, onde quer que estejam, os
discípulos e discípulas de Jesus devem estender sempre as mãos, sobretudo, em
direção às necessidades do próximo.
Pe. Francisco Cornélio F. Rodrigues – Diocese de Mossoró-RN
Ótima reflexão!
ResponderExcluirQue possamos sempre reconhecer nossa missão e que nossas casas nunca se acomodem diante dela.
ResponderExcluir