quinta-feira, julho 25, 2024

SÃO TIAGO, APÓSTOLO

 



Hoje é a festa de São Tiago, apóstolo. Costuma-se denominá-lo de Maior, como maneira de distingui-lo de outros personagens de mesmo nome que aparecem no Novo Testamento. Era filho de Zebedeu e, junto com seu irmão João, pertence ao primeiro grupo de discípulos de Jesus, chamados no mesmo dia que André e Pedro, às margens do mar da Galileia, pois eram todos pescadores, conforme os evangelhos (Mt 4,18-22; Mc 1,16-21; Lc 5,1-11).

Junto a Pedro e João, está entre os apóstolos mais citados nos evangelhos. Os três são os que mais testemunham momentos importantes da vida de Jesus, o que pode indicar, por um lado, um certo privilégio, por outro, uma necessidade maior.

Certamente, eles não eram os melhores nem os piores discípulos, mas possuíam certas características que os tornavam mais difíceis de lidar, demonstrando mais dificuldades de assimilar os ensinamentos de Jesus enquanto Messias pobre e servo. Pedro é sinônimo de dureza e fechamento; é o discípulo que Jesus mais repreende durante todo o seu itinerário. Como ele sempre se antecipava, sendo o primeiro a responder às perguntas de Jesus, era aquele que mais se expunha e, por isso, era o primeiro a ser corrigido por Jesus.

João e Tiago ficaram conhecidos como “filhos do trovão” (Mc 3,17), devido ao temperamento forte e explosivo. Eram os mais fanáticos, ambiciosos e também os mais intolerantes. Até provocaram um racha no grupo dos discípulos, quando pediram que Jesus lhes desse mais privilégios do que aos demais, fazendo-os sentar um à esquerda e outro à esquerda, na glória. Isso causou divisão e rivalidade no grupo, por isso foram duramente repreendidos por Jesus. O evangelista Mateus, para poupar a imagem deles, diz que o pedido foi feito pela mãe; Marcos, cujo texto é mais antigo, diz que foram eles mesmos (Mc 10,35-45; Mt 20,20-28).

Certa vez, Jesus repreendeu João por proibir a um homem que não fazia parte do grupo de pregar e expulsar demônios em seu nome (Mc 9,38-39). Os dois, João e Tiago, também foram repreendidos quando quiseram tocar fogo nos samaritanos que os rejeitaram no caminho para Jerusalém (Lc 9,51-55). Portanto, Jesus os chama para estarem mais perto de si pela necessidade de cada um e por não desistir do ser humano, apesar das fraquezas e debilidades. Eles necessitavam estar mais próximos a Jesus e aprender mais com ele.

Há outros momentos em que Jesus prefere estar só com eles três, como no episódio da ressurreição da filha de Jairo (Mc 5,37) e na oração e agonia no Getsêmani (Mc 14,37). Isso significa que eles mudaram com o tempo, não se tornando perfeitos, mas aprendendo a cada dia com Jesus, à medida em que conviviam com ele e ouviam seus ensinamentos.

Os evangelistas não tiveram medo de os apresentarem tão humanos, tão plenos, e também tão carregados de defeitos. Esses defeitos se tornaram motivo para Jesus investir mais na formação deles, até deixá-los aptos para o testemunho supremo: dar a vida pelo Evangelho. E Tiago foi o primeiro a cumpri-lo, conforme o relato de Atos dos Apóstolos: «Naquele tempo, o rei Herodes lançou as mãos sobre alguns membros da Igreja para matá-los. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João» (At 12,1-2).

Tiago pode até não ter sido digno de ficar à direita ou à esquerda de Jesus. Mas bebeu o cálice que ele bebeu e recebeu o batismo que ele recebeu (Mc 10,38-39). Foi intensamente humano, cheio de contradições, mas louco por Jesus e seu Evangelho.

Pe. Francisco Cornelio

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