Neste vigésimo
primeiro domingo do tempo comum, a liturgia conclui a sequência de cinco
domingos de leitura do sexto capítulo do Evangelho de João. Trata-se de um fenômeno
exclusivo do “ano litúrgico B”, devido ao fato de o Evangelho de Marcos ser
mais abreviado em relação aos outros sinóticos (Mt; Lc). Por isso, nesse ano,
recorre-se mais ao Quarto Evangelho, como complemento, uma vez que os textos de
Marcos não seriam suficientes para todos os domingos do tempo comum. No entanto,
na sequência dos cinco domingos – do décimo sétimo ao vigésimo primeiro –, um
deles foi saltado – o vigésimo –, devido à solenidade de Assunção da Bem-Aventurada
Virgem Maria, celebrada no domingo passado. Após a interrupção, portanto, temos
hoje a retomada e a conclusão, ao mesmo tempo. E o texto proposto para este dia
é Jo 6,60-69. Nessa passagem, o evangelista mostra a reação final dos
discípulos, incluindo os Doze, diante do longo e exigente discurso de Jesus
sobre o pão da vida, que é ele mesmo, e a necessidade de alimentar-se dele para
obter vida em plenitude. Tudo isso, ainda, como desdobramento do sinal da
multiplicação (condivisão) dos pães no início do capítulo (6,1-15).
Como sempre,
para compreender melhor o texto é necessário recordar o seu contexto narrativo.
E o primeiro aspecto a ser recordado é a reação da multidão que tinha sido
saciada com a partilha dos cinco pães e dois peixes: quiseram, de imediato,
proclamar Jesus como rei (6,15), como consequência de uma compreensão
equivocada do seu messianismo, uma visão totalmente incompatível com a missão
de Jesus e o seu estilo de vida. Diante de uma ideia tão absurda, Jesus quis refugiar-se
(6,15), por precaução, a fim de não alimentar ideias erradas sobre a sua
missão, mas a multidão foi atrás dele e, no dia seguinte, o encontrou
novamente, já na sinagoga de Cafarnaum, do outro lado do lago (6,22-25). Jesus
percebeu logo o equívoco e, com muita franqueza e transparência, disse porque estavam
lhe procurando: queriam, novamente, comer pão gratuito e em abundância (6,26). Diante
disso, ao sentir-se incompreendido, Jesus aproveitou a oportunidade para fazer
uma ampla catequese, apontando para a importância de se buscar não apenas o pão
material, pois, embora necessário e essencial, esse é perecível e seus efeitos
duram poucas horas. Por isso, apontou para a necessidade de um alimento que
dura por toda a vida, mostrando que esse alimento é a sua própria pessoa
(6,27-40), dom por excelência do Pai para a vida do mundo.
Ao
apresentar-se como verdadeiro alimento, ou seja, como pão da vida ou pão vivo
descido do céu, e convidar os seus ouvintes a comer a sua carne e beber o seu
sangue, Jesus causou perplexidade, questionamentos, incredulidade e até ira, em
seus interlocutores. Enfim, provocou as mais variadas reações. Inclusive, após
a conclusão do discurso (6,59), instaurou-se uma grande crise entre os seus
discípulos, pois, até então, ainda não tinham escutado exigências tão fortes
para o seguimento. O evangelista João recorda tudo isso para ajudar a sua
comunidade a discernir e tomar decisões: o seguimento de Jesus é
comprometedor... ser discípulo e discípula dele não é memorizar uma doutrina
para depois repeti-la, mas é entrar em comunhão plena com a sua pessoa,
assimilando seu jeito de ser; é esse o sentido de comer a sua carne e beber o
seu sangue (6,54). Recebê-lo como alimento é tornar-se também alimento para os
outros. Uma proposta de vida tão exigente assim não poderia ser assimilada com
facilidade. Certamente, entre as diversas formas de reação, houve também quem sentiu-se
mais convicto e confiante para continuar no seguimento, como ser verá pela
declaração de Pedro. Contudo, a crise foi instaurada no discipulado.
Tendo já
mostrado as reações de outros interlocutores, como a própria multidão e “os
judeus”, ao discurso de Jesus como verdadeiro alimento e pão para a vida
eterna, o evangelista quis mostrar também a reação dos discípulos, pois era
essa a que mais interessava à sua comunidade que se encontrava com a fé
comprometida, devido as perseguições e o “esfriamento” no fervor de alguns
membros, na época da redação do Evangelho. Olhemos então para o texto,
começando pelo primeiro versículo, no qual se diz que «Muitos dos discípulos
de Jesus, que o escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue
escutá-la?”» (v. 60). Como se vê, os próprios discípulos contestam o
discurso que Jesus tinha acabado de proferir. E essa é a primeira grande
novidade do evangelho de hoje. Ora, os evangelhos mostram muitas situações em
que Jesus é contestado pelos seus tradicionais adversários (fariseus, saduceus,
mestres da lei…), mas raramente pelos discípulos. O máximo que os discípulos
ousavam era fazer perguntas e pedir esclarecimentos sobre alguns aspectos da
sua vida e do seu ensinamento que não tinham ficado muito claros. Normalmente,
eles concordam, ou pelo menos fingem concordar, com tudo o que Jesus diz,
exceto quando escutam o primeiro anúncio da paixão (Mt 16,21-23; Mc 8,27-33).
Quando não
concordam com o que Jesus diz, geralmente seus discípulos silenciam. É partindo
desse dado que se percebe a profundidade da contestação apresentada no
evangelho de hoje. Trata-se de um verdadeiro protesto contra Jesus e sua
mensagem: «Esta palavra é dura». Muitos dos seus se sentiram realmente
ofendidos, incapazes, incapazes de levar adiante um programa tão comprometedor.
O adjetivo grego empregado pelo evangelista, traduzido por dura, é ‘sklerós’ (σκληρός), do qual deriva
a palavra esclerosado/a. Além de dura, essa palavra –
sklerós –pode ser traduzida também por insuportável, inadmissível, ofensivo e
violento. Os discípulos se sentiam completamente incapacitados para continuar
no seguimento, uma vez que o anúncio de Jesus parecia inviável para eles. A
dureza da palavra de Jesus consiste no comprometimento que dela deriva: diante
dela, é preciso tomar posições firmes, como tornar-se alimento para os outros,
fazendo as mesmas opções de Jesus e, consequentemente, assumindo as
consequências. É uma palavra dura porque não se trata de um discurso para ouvir
uma vez por semana, como a liturgia da sinagoga, mas exige uma coerência de
vida cotidiana; não é uma palavra para ser simplesmente proferida, mas para ser
vivida, acima de tudo.
Além da
reclamação de muitos discípulos em alta voz, Jesus percebeu também que outros
de «seus discípulos estavam murmurando, e por causa disso mesmo,
perguntou: “isto vos escandaliza?”» (v. 61). Ao murmurar, os
discípulos de Jesus repetem um dos antigos pecados de Israel. No contexto do
êxodo, os israelitas recém-libertados murmuravam constantemente contra Deus e
Moisés (Ex 16,2-4). O verbo murmurar, como emprega o evangelista (em
grego: γογγύζω –
gonguízo) expressa uma verdadeira revolta contra Deus; considerando toda a
simbologia do mundo bíblico, é a negação da fé. No contexto dos evangelhos, é o
verbo empregado tradicionalmente para descrever a reação dos adversários de Jesus (fariseus, saduceus, sacerdotes, etc.). Portanto, os discípulos,
ou pelo menos uma parte deles, estavam agindo como adversários de Jesus, pois
se sentiram ofendidos pelo seu discurso tão exigente. Ao perguntar se aquilo –
o discurso – os escandalizava, ou seja, se era impedimento para a fé deles,
Jesus vai bem mais além, dizendo, em outras palavras, que era como se os
discípulos “ainda não tivessem visto nada”, pois realidades mais difíceis de
assimilação ainda estavam por vir: «E quando virdes o Filho do Homem
subindo para onde estava antes?» (v. 62). Ora, uma das
passagens mais chocantes do discurso de Jesus foi dizer ser ele “o pão
vivo descido do céu”; um absurdo para seus ouvintes que conheciam até mesmo
seus pais e sabiam que ele não passava de um filho de carpinteiro (6,41-42) e,
por isso, não poderia ter uma origem no alto. Logo, a sua subida seria muito
mais chocante para os discípulos, uma vez que compreendia a morte na cruz, que
deveria ser o destino reservado também a eles, como consequência. Aqui,
portanto, Jesus os previne: coisas piores estão por acontecer, humanamente
falando. Ora, se ficaram escandalizados porque Jesus afirmou ter descido do
céu, muito mais ficariam vendo a sua subida, sobretudo porque essa pressuponha
a cruz, e o destino dos crucificados, conforme a tradição, era a condenação
eterna. Portanto, tendo a cruz no horizonte, a tendência é que muitos dos
discípulos sentissem as exigências do programa de Jesus ainda mais duras,
tornando-se cada vez mais difíceis de ser assimiladas.
Diante da
reação negativa, Jesus não procura conformar seu discurso e suas exigências às
capacidades e disposições dos discípulos. Pelo contrário, ele reforça o que já
havia dito e deixa claro que já previa a resistência e até mesmo a negação
completa de seu projeto por alguns discípulos. Ele sabia que somente
deixando-se guiar pelo Espírito os discípulos poderiam manter-se firmes no seu
seguimento. Por isso, declara: «O Espírito é que dá vida, a carne não
adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida. Mas entre vós há
alguns que não crêem» (vv. 63-64a). A reação negativa dos discípulos
não faz Jesus alterar seu projeto. Ele sabia que muitos ainda não tinham se
deixado conduzir pelo Espírito e abraçado a fé, continuavam vendo as coisas
apenas no plano material e conforme a Lei, por isso, não tinham assimilado a
vida contida em suas palavras. Inclusive, «Jesus sabia desde o início, quem
eram os que tinham fé e quem havia de entregá-lo» (v. 64b). A contraposição
entre ter fé e entregar – trair – reforça que o contrário da fé não é a
incredulidade, mas a covardia. Diante de tudo isso, percebendo a oposição de muitos
de seus discípulos, Jesus reforça sua confiança no Pai, ressaltando sua relação
intrínseca com ele: «É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim,
a não ser que lhe seja concedido pelo Pai» (v. 65). Se foi o
Pai quem o enviou, é também o Pai quem chama e atrai as pessoas para o seu
seguimento. Isso recorda que, na história da salvação, a iniciativa é sempre de
Deus. Quem se deixa atrair pelo Pai e vai a Jesus, terá a plenitude da vida,
não como prêmio, mas como consequência. Os evangelistas fazem questão de
ressaltar, e João com mais precisão ainda, que a salvação é um projeto
originado no Pai, de quem Jesus é o agente autorizado para torná-la acessível a
toda a humanidade.
O evangelista
apresenta esse momento como um divisor de águas na vida de Jesus e dos
discípulos, pois foi no discurso do pão da vida que Jesus apresentou a sua
máxima revelação, até então, na dinâmica do Quarto Evangelho. Foi o momento em
que Jesus mais falou de si, deixando-se conhecer completamente. O evangelista
sentia que a sua comunidade, vivendo momentos de altos e baixos no discipulado,
precisava tomar decisões importantes e, para isso, era necessário tornar Jesus
cada vez mais conhecido em toda a sua profundidade, inclusive deixando mais
claro o seu programa de vida com as exigências implicadas no seu seguimento.
Até mesmo o encontro semanal da fração do pão – a eucaristia – estava perdendo
a sua importância na comunidade joanina, passando a ser apenas um conjunto de
ritos, deixando de ser verdadeiro encontro de comunhão transformadora. Assim
como Jesus mesmo fez, também o evangelista quis mostrar que o discipulado não é
uma obrigação, e sim uma opção, por sinal, radical e exigente. Por isso, ele
diz que «A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e
não andavam mais com ele» (v. 66). Houve desistência entre os
discípulos porque nem todos estavam dispostos a aderir aos compromissos do
discipulado. Mas não se trata apenas de uma desistência e sim de um rompimento
total. Voltar atrás, aqui, é mais do que desistir, significa uma negação
completa. Não quer dizer que apenas deixaram de andar com ele, como faz
entender a tradução do texto litúrgico. Quer dizer que romperam completamente,
deixando de acreditar. As “palavras duras” são realmente difíceis de ser
assimiladas e vividas, de modo que um seguimento superficial não tem como se
sustentar. Por isso, muitos desistiram de continuar seguindo-o. A “debandada”
de discípulos nas comunidades de tradição joanina parece ter sido marcante,
pois na Primeira Carta o autor faz referência, embora com outras palavras, ao
mesmo fato: «Eles saíram de nosso meio, mas não eram dos nossos; se fossem
dos nossos, teriam permanecido conosco». (1Jo 2,19). Por isso, no discurso
de despedida, o verbo mais utilizado por Jesus será o verbo “permanecer” no
modo imperativo (Jo 14-17).
Entre os
discípulos e discípulas, estava o seu núcleo primeiro, o chamado grupo dos
Doze, a quem Jesus se dirige com muita firmeza: «Vós também vos quereis
ir embora?» (v. 67). Com essa pergunta, Jesus mostra seu
respeito pela liberdade de cada pessoa e, sobretudo, as convicções do seu
projeto: ele prefere ficar sem discípulos do que mudar o seu programa. Suas
exigências são inegociáveis. Em uma sociedade dominada pelo egoísmo, injustiça,
privação de liberdade, exclusão e hipocrisia, as “palavras duras” são
necessárias para desestabilizar o sistema e, assim, iniciar a construção de um
mundo novo, humanizado, repleto de amor, justiça, fraternidade e paz. Jesus
quer saber com quem pode contar, embora esteja disposto a seguir com seu
projeto mesmo ficando sozinho, se necessário. Essa é a primeira vez que o
evangelista João se refere ao grupo dos discípulos como os Doze; e só fará isso
mais três vezes (Jo 6,69.71; 20,24). No contexto do sinal da partilha dos pães,
essa menção adquire um sentido ainda maior: assim como sobraram doze cestos de
pães, após a multidão ficar saciada (Jo 6,13), sobraram doze discípulos para
Jesus. É um claro recado do evangelista às suas comunidades e aos seus leitores
de todos os tempos: a comunidade de Jesus é feito das sobras, das margens, dos
excluídos. Os Doze não foram os melhores, escolhidos a dedo, na verdade foi o
que sobrou para Jesus. É com esse resto que ele vai contar na continuação do
seu projeto. Prova que foi realmente uma sobra é o fato de que, desse mesmo
grupo, ainda vai sair um traidor e outro que o negará. Humanamente falando,
esse episódio é um atestado do fracasso da missão de Jesus, por isso, se torna
um divisor de águas no plano narrativo do Quarto Evangelho.
Mesmo não
sendo totalmente coerente, o grupo dos Doze optou por continuar no seguimento,
como mostra o evangelista com a resposta de Pedro: «Simão Pedro
respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos
firmemente e reconhecemos que tu és o santo de Deus”» (v.
68-69). Do que sobrou, Jesus encontrou resposta para seu projeto de libertador.
Ao mostrar que Pedro respondeu no plural – nós –, o evangelista afirma que Pedro
fala em nome dos Doze. É a resposta da comunidade que, embora pequena
numericamente, procura perseverar com fidelidade no seguimento, reconhecendo
que, apesar de duras, as palavras de Jesus contêm vida, são palavras de vida
eterna, as únicas que podem restituir vida em abundância e esperança para
todos, sobretudo os mais necessitados, ou seja, os restos descartados pelos
sistemas de dominação. A resposta de Pedro indica reflexão. Não há outro a quem
ir; não há outro que tenha uma proposta tão inclusiva e humanizante. Num mundo
hostil e perverso, explorado pela religião e pelo império romano, a comunidade
joanina, mesmo sendo um pequeno resto, não via outra possibilidade de encontrar
vida e sentido para a existência senão nas palavras de Jesus. Talvez isso
explique o fato de ser o Evangelho que contém mais palavras e discursos de
Jesus; é o Evangelho no qual Jesus mais fala. Certamente, o evangelista sentia
a necessidade de alimentar sua comunidade com palavras de vida eterna. E somente
as palavras que saem da boca de Jesus geram vida eterna. Isso porque ele é a
própria Palavra-Verbo que se faz carne. Logo, o que ele fala vivifica.
Além da
confiança nas palavras de Jesus, a resposta de Pedro também expressa a fé da comunidade
e o quanto essa deve ser sólida: «nós cremos firmemente e reconhecemos
que tu és o Santo de Deus» (v. 69). Com essa
afirmação, o evangelista traz outra informação importante que reflete a situação
da sua comunidade: a necessidade de conciliar fé e conhecimento. De fato, não
há contraposição entre essas duas realidades. O evangelista emprega dois verbos
fundamentais da sua catequese e teologia: crer (em grego: πιστεύω – pistêuo) e
conhecer/saber (em grego: γινώσκω – guinôsko). Na
época, havia muitas correntes teológicas equivocadas que tentavam separar a fé
do conhecimento. É claro que não basta o conhecimento para um seguimento
autêntico; tampouco tem sentido uma fé cega, desprovida de razão. O evangelista
mostra a necessidade de conciliar fé e conhecimento a fim de garantir solidez na
vivência dos ensinamentos de Jesus. E o objeto da fé e do conhecimento da
comunidade deve ser a identidade de Jesus, como Pedro confessa: «tu és o
Santo de Deus». Sem dúvidas, temos aqui o equivalente à solene confissão de
Pedro dos evangelhos sinóticos, na região de Cesareia de Filipe (Mc 8,29; Mt
16,16; Lc 9,20). É claro que há diferenças na formulação da confissão, mas
possui valor equivalente. Inclusive, também entre os sinóticos há pequenas diferenças
na expressão. Mas é inegável a equivalência. Quem o reconhece Jesus como o
“Santo de Deus” não se deixa escandalizar pelas suas declarações como pão
descido do céu; pelo contrário, nessas palavras encontra forças para crescer na
fé. Assim, os Doze conseguem assimilar a outra dimensão da dureza: a firmeza, a
coragem e a força, elementos necessários e essenciais para implantar, no mundo,
a civilização do amor. A proclamação de Jesus como “O Santo de Deus” é também
uma forma de dizer que ele é o único agente de Deus para agir em seu nome com
legitimidade. Desse modo, a religião do templo – da sinagoga na época, da
redação do evangelho – não tinha mais autoridade para revelar Deus e agir em
seu nome. Só Jesus revela Deus. Só se conhece Deus passando por Jesus, e só
passa por Jesus quem come sua carne e seu sangue, ou seja, quem assimila seu
jeito de viver.
Que saibamos
reconhecer que as palavras duras de Jesus são também portadoras de espírito e
vida, por isso, indispensáveis para a missão. Que essas mesmas palavras nos
ajudem a discernir e escolher a qual projeto e religião seguir: um projeto de
vida consistente e comprometedor, que não exige meios termos, mas apenas um
engajamento total e transformador ou, simplesmente, uma religião como conjunto
de ritos e normas com encontros dominicais fervorosos e semanas vazias de
sentido e de amor. O Evangelho de hoje nos coloca numa verdadeira encruzilhada;
é preciso tomar decisão: continuar seguindo-o ou abandoná-lo. Ele nada impõe,
cada pessoa é livre para segui-lo ou não. Porém, de quem escolhe segui-lo
exige-se o compromisso de ser portador de uma palavra dura, embora portadora de
vida, esperança, amor e força humanizadora.
Pe. Francisco
Cornelio F. Rodrigues – Diocese de Mossoró-RN
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