Como acontece todos os anos, a liturgia do terceiro domingo do advento evidencia a figura de João, o Batista, e seu importante papel de precursor de Jesus, o Messias. Isso permite a continuidade da linha catequético-espiritual iniciada no segundo domingo, cujo personagem central do texto evangélico também foi João. Naquela ocasião, foram lidos os primeiros versículos de Marcos (Mc 1,1-8), o Evangelho predominante no ano litúrgico vigente (ano B). Por sinal, como vimos no domingo passado, a apresentação que Marcos faz de João é bastante resumida, apesar da riqueza teológica que possui. Por isso, a liturgia de hoje recorre ao Quarto Evangelho para continuar apresentando a missão de João como preparação e até antecipação da missão de Jesus. O texto lido neste domingo, portanto, é Jo 1,6-8.19-28. É importante a utilização do texto do Quarto Evangelho porque, mais do que qualquer outro, ele apresenta João como aquele que ajuda a reconhecer a presença de Jesus que já está no mundo, no meio da humanidade; por isso, neste Evangelho, João é apresentado como testemunha daquele que já veio e necessita ser reconhecido. O texto lido hoje é composto de duas partes, facilmente identificáveis: a primeira (vv. 6-8) funciona como introdução, e faz parte do rico prólogo poético-teológico (Jo 1,1-18); a segunda (vv. 19-28), que é o desenvolvimento da introdução, corresponde ao início da primeira seção narrativa do Evangelho (Jo 1,19-36), que trata exatamente do testemunho de João.
Como se
sabe, em sua forma atual, o Evangelho de João começa com um prólogo (Jo
1,1-18), no qual Jesus é apresentando como a Palavra/Verbo (em grego: λόγος –
logos), preexistente no tempo e no espaço, princípio originário de todas as
coisas que, num certo momento da história, fez-se carne e veio habitar entre
nós (Jo 1,14). Veio como luz, para iluminar um mundo marcado por trevas.
Trata-se de um hino altamente cristológico: é todo voltado para o Cristo. No
entanto, à certa altura do hino, o autor abre espaço para falar de um homem
enviado por Deus, chamado João (vv. 6-8). A apresentação de João num hino tão
cristológico, quebrando o ritmo poético do texto, tem gerado muitos
questionamentos entre os estudiosos. Inclusive, muitos deles vêem isso até como
um acréscimo posterior da comunidade, o que teria provocado também uma inversão
na ordem do início do Evangelho. Segundo essa perspectiva, o início do
Evangelho de João, em sua forma original, corresponderia exatamente à lógica da
sequência selecionada para a liturgia de hoje: uma breve apresentação de João
(Jo 1,6-8), seguida do relato de sua atuação como precursor e testemunha de
Jesus, o Messias, que é Palavra e luz (Jo 1,19-37). Depois disso, viria a
apresentação de Jesus e sua missão, começando com o chamado dos primeiros
discípulos ou até mesmo com o prólogo cristológico, mas sem as referências a
João. Tudo isso, no entanto, não passa de hipótese, apesar de bastante
plausível. Tendo em vista a extensão do texto, não comentaremos todos os
versículos, mas procuraremos colher a mensagem central, comentando os
versículos mais relevantes.
Feita a
contextualização, olhemos para o texto de hoje, independentemente de
corresponder ou não à ordem original do Evangelho, começando pelo primeiro
versículo: «Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João» (v.
6). Essa forma de apresentação, de fato, se aproxima bastante da abertura de
muitos relatos bíblicos. É praticamente uma fórmula fixa. Diversos personagens
são apresentados assim, no início de um relato. O fato de João ser apresentado
em meio à apresentação de Jesus revela a sua importância e o reconhecimento da
comunidade do evangelista. Pertencendo à redação original do Evangelho ou sendo
um acréscimo posterior, a maneira como João é apresentado demonstra sua
grandeza, de modo que sua missão é inseparável da missão de Jesus. Ora, aqui o
evangelista está abrindo uma exceção muito significativa, pois ser enviado por
Deus, no Quarto Evangelho, é uma condição reservada ao Filho e ao Espírito
Santo. À medida em que apresenta João também como enviado por Deus, o
evangelista reforça a importância desse personagem, colocando-o como
intermediário entre a Palavra – Jesus – e a humanidade, mesmo que seja por um
intervalo temporário delimitado e em circunstâncias históricas precisas, como
se vê na sequência do texto. Na verdade, a humanidade, sobretudo Israel, sempre
contou com enviados de Deus para lhe orientar, como os profetas do Antigo
Testamento. Mas a figura de João se sobressai por ser o último enviado antes de
Jesus. Por isso, ele é figura privilegiada na história da salvação como
mensageiro de Deus e testemunha de Jesus, a luz verdadeira.
Logo após apresentar João como um homem enviado por Deus, o evangelista define a natureza da sua missão e o objetivo do seu envio ao mundo: «Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele» (v. 7). Obviamente, a luz da qual João veio dar testemunho é Jesus, a Palavra (logos), já presente no mundo, mas ainda não reconhecida; daí, a necessidade do testemunho de João para o despertar das consciências, quer dizer, para que todos cheguem à fé e acolham a luz. No Quarto Evangelho, João nunca é chamado de Batista, como é definido nos Sinóticos. Ora, Batista é um nome puramente funcional: expressa apenas a atividade de batizar. No Evangelho de João, ele é chamado somente de João, porque a sua missão é dar testemunho, o que se faz mais pelo jeito de ser do que pelo exercício de uma atividade. É claro que o evangelista também afirma que João batizava, mas não define sua identidade a partir desta atividade. João veio como testemunha (em grego: μαρτυρία – martyria); essa palavra foi muito importante para a comunidade joanina e para todo o cristianismo primitivo, como continua sendo ainda hoje. Dar testemunho, literalmente, significa ver e falar a favor, confessar. No contexto das perseguições, passou a ser sinônimo de sofrimento e sangue derramado; pois quem sustentava o testemunho nos julgamentos e interrogatórios, quem mesmo forçado e pressionado confessava a fé, terminava morto. Foi assim que essa palavra se universalizou no cristianismo como sinônimo de sofrimento, até com certo exagero e deformação.
Enviado para
testemunhar a luz, João é sinal de Deus para que, por meio de seu testemunho, a
humanidade chegue à fé em Jesus, a luz verdadeira. A expressão «chegassem à fé»
traduz o verbo grego “pisteuô” (πιστεύω), um dos mais importantes do Evangelho de João, aparecendo noventa e oito
vezes. Literalmente, significa crer, acreditar. Esse dado também é muito
significativo e realça ainda mais a missão de João. Ora, quando Jesus realiza o
primeiro e o sétimo sinal, o evangelista conclui o relato dizendo que o sinal
realizado gerou fé, as pessoas presentes acreditaram nele. O primeiro sinal fez
os discípulos terem fé nele (Jo 2,11), enquanto o sétimo sinal levou alguns
judeus a crerem nele (Jo 11,45). No final do Evangelho, o evangelista afirma
que escreveu a respectiva obra para o despertar da fé, ou seja, para levar seus
destinatários a crer em Jesus (Jo 20,31). Diante disso, podemos dizer que o
testemunho de João é tão significativo a ponto de possuir o valor de sinal e
Evangelho, ao mesmo tempo. Fazer chegar à fé em Jesus, acreditando que ele é o
Cristo – Messias – e Filho de Deus, para que se tenha vida em seu nome (Jo
20,31) é o objetivo de todo o Evangelho de João, como deve ser o objetivo de
toda ação evangelizadora da Igreja em todos os tempos. Crer em Jesus, na
perspectiva do Quarto Evangelho, implica alinhar-se ao seu jeito de viver,
acolhendo seu projeto de amor, justiça, humanização. Quem assim faz, possui a
vida plena e abundante que ele veio trazer (Jo 10,10). E a missão de João tem a
finalidade de levar todos a essa condição, por isso, seu testemunho é
indispensável para a comunidade cristã. E, como é no advento que mais se
recorda o testemunho de João, esse é mesmo o tempo favorável para a Igreja
reforçar ou até recuperar sua identidade.
Dominada
no campo político-económico pelo império romano, e no âmbito
religioso-ideológico pela elite sacerdotal de Jerusalém, a Palestina do tempo
de Jesus estava totalmente envolta em trevas. No Evangelho de João,
trevas/escuridão significa negação da vida, escravidão, ausência de amor e
justiça. É tudo aquilo que impede a vida em abundância e, assim, retarda a
instauração do Reino de Deus, o mundo novo. O povo estava ansioso por luz,
necessitado de ser iluminado, por isso, o evangelista apresenta Jesus como luz
do início ao fim da sua obra. Embora tenha vindo para irradiar luz sobre o
mundo inteiro, foi no contexto específico da Palestina que essa luz começou a
iluminar, sendo continuada em todo o mundo pela missão da Igreja. E para que
João não fosse confundido com Jesus, a luz, o evangelista tem o cuidado de
esclarecer: «Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz»
(v. 8). Mesmo tendo um papel importante na construção do mundo novo, iluminado
por Jesus, João não pode ser confundido com aquele que é luz e vida por
excelência – Jesus. Na verdade, nenhum ser humano pode e nem deve ocupar o seu
lugar. Essa distinção entre a testemunha da luz e a luz mesma possui um rico
valor teológico, mas recorda uma questão histórica precisa: no início do
cristianismo, houve certa polêmica entre os discípulos de João e os discípulos
de Jesus; houve uma certa rivalidade por algum tempo. Todos os evangelhos
refletem esse problema, cada um à sua maneira. Uma das formas de distinguir era
mostrar a diferença entre os dois batismos: o batismo com água, promovido por
João, e o batismo com Espírito Santo, anunciado como originado em Jesus, embora
nenhum evangelista chegue a afirmar que Jesus chegou a batizar, mas ele
autorizou a comunidade cristã a batizar, o que tem sido feito ao longo do
tempo.
Após
introduzir a figura e a missão de João, com suas credenciais de testemunha da
luz, passa-se passa a descrever o seu testemunho propriamente, marcado desde o
começo pelo confronto com parte dos responsáveis pelas trevas que cobriam o
mundo na época. Também nesse embate percebe-se o cuidado do evangelista na
distinção entre João e Jesus, a luz, como se vê na sequência. Com isso, o
evangelista adentramos na primeira seção narrativa do Quarto Evangelho. Eis o
início: «Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de
Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: ‘Quem és tu?’» (v. 19).
De início, é importante esclarecer que evangelista João emprega o termo judeus
para designar as classes dirigentes de Jerusalém – sacerdotes, grupos
hegemônicos, o sinédrio –, e não o povo judeu em geral. Certamente, as
autoridades de Jerusalém receberam notícias preocupantes; a pregação de
João começava a surtir efeito, muita gente ia ao seu encontro. Com isso,
espalhavam-se boatos a seu respeito, como a própria identidade de Messias. Ora,
a instituição religiosa controlava o nome de Deus e imaginava controlar também
o seu agir, por isso, qualquer pregação não autorizada por ela era vista como
concorrência e ameaça. Diante disso, foi enviada uma comitiva oficial, composta
de sacerdotes e levitas, para fiscalizar e, possivelmente, reprimir a atividade
de João. Inclusive, os levitas, membros dessa comitiva, exerciam a função de
guardas do templo, além do auxílio aos sacerdotes nos ofícios litúrgicos. Como
guardas, tinham a atribuição de reprimir e até prender quem fosse visto como
subversivo e perturbador da ordem vigente. Como a luz é ameaça para as trevas,
os movimentos populares são ameaças para os controladores da ordem vigente,
para quem controla sistemas autoritários. Assim, a pregação de João preocupava
os detentores de poder da sua época. Por isso, a necessidade da fiscalização da
parte das autoridades de Jerusalém, preocupadas com a ameaça que João
significava para o monopólio de Deus que imaginavam ter. A pergunta “Quem és
tu?” demonstra essa preocupação. E, mais do que curiosidade, essa
pergunta revela o menosprezo dos que se sentem os únicos autorizados a falar em
nome de Deus. Revela também o medo da perda de privilégios.
O
evangelista se serve do inquérito inquisidor da comitiva de Jerusalém para
reforçar a necessária distinção entre João e Jesus, reconhecendo a importância
de cada um na história da salvação, colocando cada qual no seu devido lugar. É
isso que a sequência do texto vai mostrar. Por isso, ele diz que, como boa
testemunha da luz, João responde, confessando quem ele não é: «João
confessou e não negou. Confessou: ‘Eu não sou o Messias’» (v.
20). Quem tem consciência de sua missão, não assume o lugar e a
competência do outro. Confessar (em grego: ὁμολογέω – homologuêo) é um verbo muito
caro para a teologia do Quarto Evangelho; tem um sentido muito próximo ao
significado de testemunhar. Inclusive, é dele que deriva o verbo latino “homologare”,
do qual originou-se o verbo “homologar”, em português, que significa reconhecer
algo como autêntico, validar. E o conteúdo da confissão de João acerca da sua
identidade é de fundamental importância para a comunidade do evangelista. Ele se
declara não ser o Messias. Havia muitos movimentos messiânicos na época, por
isso havia o cuidado da instituição religiosa investigar e reprimir, por medo,
pois a vinda do Messias marcaria o fim da própria instituição. A princípio, a
resposta de João poderia até ter deixado os inquisidores aliviados, mas os
deixou ainda mais confusos. Se ele tivesse se declarado como Messias, logo
teria sido capturado e seu movimento terminaria ali mesmo. Ora, as lideranças
de Jerusalém tinham medo de movimentos emancipatórios e de um messias que não
se enquadrasse em seus esquemas doutrinais. A morte de Jesus na cruz é prova
disso.
Aliviados
por saber que João não era o Messias, mas preocupados com seu testemunho e
confusos por não conseguirem catalogar sua identidade, os membros da comitiva
de Jerusalém insistem com o interrogatório: «Eles perguntaram: ‘Quem
és, então? És tu Elias?’. João respondeu: ‘Não sou’. Eles perguntaram: ‘És o
profeta?’. Ele respondeu: ‘Não’» (v. 21). À medida em que perguntam,
aumentando a pressão, as respostas de João vão ficando cada vez mais simples. O
crescendo nas perguntas corresponde às concepções teológicas e expectativas
messiânicas vigentes na época: acreditava-se que a manifestação do Messias
seria precedida pelo retorno de Elias (Ml 3,21) e pela vinda de um profeta
sucessor de Moisés (Dt 18,18). Como João confessou não ser o Messias,
imaginavam que poderia ser um dos personagens que deveriam vir antes dele. Os
Sinóticos relacionam João a esses personagens, ao apresentá-lo como precursor.
Para o Quarto Evangelho, no entanto, João é apenas testemunha. Os enviados do
templo para inspecionar a atividade de João, assim como seus chefes, tinham
toda a doutrina da religião memorizada, viviam em função dela e fechados nela,
a ponto de não aceitarem que Deus agisse fora de seus esquemas tradicionais. O
evangelista, de modo sutil, denuncia tendências de fechamento na sua
comunidade, mostrando que a ação de Deus transcende a doutrina. É impossível
submeter o agir de Deus a um esquema doutrinal. Com isso, ele também denuncia
os fiscais da fé. Em todas as épocas surgem pessoas com essa tendência.
Não sendo
o Messias, nem o sucessor de Moisés, nem Elias, quem mais João poderia ser? Certamente,
os investigadores ficaram ainda mais confusos, pois não conseguindo enquadrar
João em um padrão estabelecido, eles não teriam justificativa para fazer o que
que mais queriam: silenciar. Além disso, eles estavam a serviço de uma
instituição repressora e opressora, logo, não poderiam ficar sem respostas para
os chefes. Por isso, a pergunta revela o quão pressionados eles estavam: «Perguntaram
então: ‘Quem és, afinal? Temos de levar uma resposta àqueles que nos enviaram.
Que dizes de ti mesmo?’» (v. 22). Para os judeus legalistas, o que não
fosse fundamentado pela Lei e os profetas, não podia vir de Deus. Assim, eles
forçam uma autodeclararão de João sobre sua identidade. A lição do evangelista
para sua comunidade serve para o cristianismo de todos os tempos: quando se
fecha na doutrina, ignora-se a ação do Espírito. Por sinal, o Espírito é uma
categoria muito importante para a comunidade joanina, porque ele ilumina e
conduz à verdade, gerando amor entre todos; após a ressurreição, será o
condutor da comunidade.
Todas as
declarações atribuídas a João, obviamente, servem ao plano teológico do
evangelista, que visa evidenciar a diferença entre ele e Jesus. Ora, para
assumir sua verdadeira identidade, ele se negou a assumir o papel de todas as
figuras escatológicas tradicionais, esperadas na época: o Messias, Elias e o
Profeta no estilo de Moisés. Diante disso, ele assume seu verdadeiro papel,
recorrendo à tradição profética: «João declarou: ‘Eu sou a voz que grita no
deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’ – conforme disse o profeta Isaías»
(v. 23). Aqui o seu testemunho se revela, de fato, profético. O profeta é
aquele que se esconde no anúncio, porque não é o conteúdo, mas apenas
instrumento; é mensageiro, e não a mensagem. Ao declarar que é apenas uma voz,
João confessa que Jesus, de quem ele dá testemunho, é a Palavra. A voz é apenas
um eco que se dissolve e desaparece em poucos segundos, enquanto a Palavra
permanece, é eterna, a qual existe deste o princípio (Jo 1,1). Com
essa simples resposta, João antecipa a missão dos seguidores de Jesus em todos
os tempos: ser voz que ressoa a única Palavra que liberta e salva.
Aplainar
os caminhos do Senhor significa remover os obstáculos para que a mensagem
libertadora do Evangelho possa ressoar e produzir efeitos. Esses obstáculos
são: a injustiça, o ódio, a indiferença, a cobiça, a violência, a corrupção, o
preconceito, o proselitismo, enfim, tudo o que impede os homens e mulheres de
viverem como irmãos e irmãs, em plena liberdade e com seus direitos garantidos.
Infelizmente, muitos destes obstáculos tinham sido postos no caminho pela
própria religião institucionalizada. Por isso, seus dirigentes estavam
preocupados com a voz forte de João, o qual anunciava em consonância com os
antigos profetas, os quais também foram silenciados pela instituição religiosa
(Amós, Jeremias, Isaías, Miquéias...). À medida em que os encarregados da
religião oficial continuavam a interrogá-lo, João deixava cada vez mais clara a
natureza da sua missão de preparar o caminho do Senhor, batizando com água
aqueles que dele se aproximavam e, ao mesmo tempo, chamando a atenção para uma
novidade: «João respondeu: ‘Eu batizo com água; mas no meio de vós está
aquele que vós não conheceis’» (vv. 26). Nessa expressão está a chave
de leitura de todo o texto para a perspectiva do advento: conhecer e reconhecer
quem já veio e já está no meio. Não o buscar em eventos ou intervenções
extraordinárias, nem esperá-lo em longas e utópicas vigílias, mas reconhecê-lo
na situação presente, na simplicidade das coisas. É preciso tornar conhecido o
que já está no meio e, animados pela sua presença humanizante, celebrar a sua
primeira vinda com espírito de gratidão e renovação.
Depois da
voz de João gritando no deserto, e do seu testemunho da luz, devemos reconhecer
a presença de Jesus em nosso meio também dando testemunho da luz, ouvindo a voz
que ressoa do deserto, mas também nos colocando como vozes da Palavra por
excelência, Jesus. O reconhecimento passa pela abertura de mentalidade, a
conversão, desarmando-nos do fechamento e rigidez das doutrinas, e aprendendo a
reconhecer a ação de Deus nos acontecimentos do dia a dia. A certeza de que Ele
está presente torna nosso caminho para acolhê-lo mais realista!
Pe. Francisco Cornélio F. Rodrigues – Diocese de Mossoró-RN
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