sábado, dezembro 16, 2023

REFLEXÃO PARA O 3º DOMINGO DO ADVENTO – JOÃO 1,6-8.19-28 (ANO B)

 


Como acontece todos os anos, a liturgia do terceiro domingo do advento evidencia a figura de João, o Batista, e seu importante papel de precursor de Jesus, o Messias. Isso permite a continuidade da linha catequético-espiritual iniciada no segundo domingo, cujo personagem central do texto evangélico também foi João. Naquela ocasião, foram lidos os primeiros versículos de Marcos (Mc 1,1-8), o Evangelho predominante no ano litúrgico vigente (ano B). Por sinal, como vimos no domingo passado, a apresentação que Marcos faz de João é bastante resumida, apesar da riqueza teológica que possui. Por isso, a liturgia de hoje recorre ao Quarto Evangelho para continuar apresentando a missão de João como preparação e até antecipação da missão de Jesus. O texto lido neste domingo, portanto, é Jo 1,6-8.19-28. É importante a utilização do texto do Quarto Evangelho porque, mais do que qualquer outro, ele apresenta João como aquele que ajuda a reconhecer a presença de Jesus que já está no mundo, no meio da humanidade; por isso, neste Evangelho, João é apresentado como testemunha daquele que já veio e necessita ser reconhecido. O texto lido hoje é composto de duas partes, facilmente identificáveis: a primeira (vv. 6-8) funciona como introdução, e faz parte do rico prólogo poético-teológico (Jo 1,1-18); a segunda (vv. 19-28), que é o desenvolvimento da introdução, corresponde ao início da primeira seção narrativa do Evangelho (Jo 1,19-36), que trata exatamente do testemunho de João.

Como se sabe, em sua forma atual, o Evangelho de João começa com um prólogo (Jo 1,1-18), no qual Jesus é apresentando como a Palavra/Verbo (em grego: λόγος – logos), preexistente no tempo e no espaço, princípio originário de todas as coisas que, num certo momento da história, fez-se carne e veio habitar entre nós (Jo 1,14). Veio como luz, para iluminar um mundo marcado por trevas. Trata-se de um hino altamente cristológico: é todo voltado para o Cristo. No entanto, à certa altura do hino, o autor abre espaço para falar de um homem enviado por Deus, chamado João (vv. 6-8). A apresentação de João num hino tão cristológico, quebrando o ritmo poético do texto, tem gerado muitos questionamentos entre os estudiosos. Inclusive, muitos deles vêem isso até como um acréscimo posterior da comunidade, o que teria provocado também uma inversão na ordem do início do Evangelho. Segundo essa perspectiva, o início do Evangelho de João, em sua forma original, corresponderia exatamente à lógica da sequência selecionada para a liturgia de hoje: uma breve apresentação de João (Jo 1,6-8), seguida do relato de sua atuação como precursor e testemunha de Jesus, o Messias, que é Palavra e luz (Jo 1,19-37). Depois disso, viria a apresentação de Jesus e sua missão, começando com o chamado dos primeiros discípulos ou até mesmo com o prólogo cristológico, mas sem as referências a João. Tudo isso, no entanto, não passa de hipótese, apesar de bastante plausível. Tendo em vista a extensão do texto, não comentaremos todos os versículos, mas procuraremos colher a mensagem central, comentando os versículos mais relevantes.

Feita a contextualização, olhemos para o texto de hoje, independentemente de corresponder ou não à ordem original do Evangelho, começando pelo primeiro versículo: «Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João» (v. 6). Essa forma de apresentação, de fato, se aproxima bastante da abertura de muitos relatos bíblicos. É praticamente uma fórmula fixa. Diversos personagens são apresentados assim, no início de um relato. O fato de João ser apresentado em meio à apresentação de Jesus revela a sua importância e o reconhecimento da comunidade do evangelista. Pertencendo à redação original do Evangelho ou sendo um acréscimo posterior, a maneira como João é apresentado demonstra sua grandeza, de modo que sua missão é inseparável da missão de Jesus. Ora, aqui o evangelista está abrindo uma exceção muito significativa, pois ser enviado por Deus, no Quarto Evangelho, é uma condição reservada ao Filho e ao Espírito Santo. À medida em que apresenta João também como enviado por Deus, o evangelista reforça a importância desse personagem, colocando-o como intermediário entre a Palavra – Jesus – e a humanidade, mesmo que seja por um intervalo temporário delimitado e em circunstâncias históricas precisas, como se vê na sequência do texto. Na verdade, a humanidade, sobretudo Israel, sempre contou com enviados de Deus para lhe orientar, como os profetas do Antigo Testamento. Mas a figura de João se sobressai por ser o último enviado antes de Jesus. Por isso, ele é figura privilegiada na história da salvação como mensageiro de Deus e testemunha de Jesus, a luz verdadeira.

Logo após apresentar João como um homem enviado por Deus, o evangelista define a natureza da sua missão e o objetivo do seu envio ao mundo: «Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele» (v. 7). Obviamente, a luz da qual João veio dar testemunho é Jesus, a Palavra (logos), já presente no mundo, mas ainda não reconhecida; daí, a necessidade do testemunho de João para o despertar das consciências, quer dizer, para que todos cheguem à fé e acolham a luz. No Quarto Evangelho, João nunca é chamado de Batista, como é definido nos Sinóticos. Ora, Batista é um nome puramente funcional: expressa apenas a atividade de batizar. No Evangelho de João, ele é chamado somente de João, porque a sua missão é dar testemunho, o que se faz mais pelo jeito de ser do que pelo exercício de uma atividade. É claro que o evangelista também afirma que João batizava, mas não define sua identidade a partir desta atividade. João veio como testemunha (em grego: μαρτυρία – martyria); essa palavra foi muito importante para a comunidade joanina e para todo o cristianismo primitivo, como continua sendo ainda hoje. Dar testemunho, literalmente, significa ver e falar a favor, confessar. No contexto das perseguições, passou a ser sinônimo de sofrimento e sangue derramado; pois quem sustentava o testemunho nos julgamentos e interrogatórios, quem mesmo forçado e pressionado confessava a fé, terminava morto. Foi assim que essa palavra se universalizou no cristianismo como sinônimo de sofrimento, até com certo exagero e deformação.

Enviado para testemunhar a luz, João é sinal de Deus para que, por meio de seu testemunho, a humanidade chegue à fé em Jesus, a luz verdadeira. A expressão «chegassem à fé» traduz o verbo grego “pisteuô” (πιστεύω), um dos mais importantes do Evangelho de João, aparecendo noventa e oito vezes. Literalmente, significa crer, acreditar. Esse dado também é muito significativo e realça ainda mais a missão de João. Ora, quando Jesus realiza o primeiro e o sétimo sinal, o evangelista conclui o relato dizendo que o sinal realizado gerou fé, as pessoas presentes acreditaram nele. O primeiro sinal fez os discípulos terem fé nele (Jo 2,11), enquanto o sétimo sinal levou alguns judeus a crerem nele (Jo 11,45). No final do Evangelho, o evangelista afirma que escreveu a respectiva obra para o despertar da fé, ou seja, para levar seus destinatários a crer em Jesus (Jo 20,31). Diante disso, podemos dizer que o testemunho de João é tão significativo a ponto de possuir o valor de sinal e Evangelho, ao mesmo tempo. Fazer chegar à fé em Jesus, acreditando que ele é o Cristo – Messias – e Filho de Deus, para que se tenha vida em seu nome (Jo 20,31) é o objetivo de todo o Evangelho de João, como deve ser o objetivo de toda ação evangelizadora da Igreja em todos os tempos. Crer em Jesus, na perspectiva do Quarto Evangelho, implica alinhar-se ao seu jeito de viver, acolhendo seu projeto de amor, justiça, humanização. Quem assim faz, possui a vida plena e abundante que ele veio trazer (Jo 10,10). E a missão de João tem a finalidade de levar todos a essa condição, por isso, seu testemunho é indispensável para a comunidade cristã. E, como é no advento que mais se recorda o testemunho de João, esse é mesmo o tempo favorável para a Igreja reforçar ou até recuperar sua identidade.

Dominada no campo político-económico pelo império romano, e no âmbito religioso-ideológico pela elite sacerdotal de Jerusalém, a Palestina do tempo de Jesus estava totalmente envolta em trevas. No Evangelho de João, trevas/escuridão significa negação da vida, escravidão, ausência de amor e justiça. É tudo aquilo que impede a vida em abundância e, assim, retarda a instauração do Reino de Deus, o mundo novo. O povo estava ansioso por luz, necessitado de ser iluminado, por isso, o evangelista apresenta Jesus como luz do início ao fim da sua obra. Embora tenha vindo para irradiar luz sobre o mundo inteiro, foi no contexto específico da Palestina que essa luz começou a iluminar, sendo continuada em todo o mundo pela missão da Igreja. E para que João não fosse confundido com Jesus, a luz, o evangelista tem o cuidado de esclarecer: «Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz» (v. 8). Mesmo tendo um papel importante na construção do mundo novo, iluminado por Jesus, João não pode ser confundido com aquele que é luz e vida por excelência – Jesus. Na verdade, nenhum ser humano pode e nem deve ocupar o seu lugar. Essa distinção entre a testemunha da luz e a luz mesma possui um rico valor teológico, mas recorda uma questão histórica precisa: no início do cristianismo, houve certa polêmica entre os discípulos de João e os discípulos de Jesus; houve uma certa rivalidade por algum tempo. Todos os evangelhos refletem esse problema, cada um à sua maneira. Uma das formas de distinguir era mostrar a diferença entre os dois batismos: o batismo com água, promovido por João, e o batismo com Espírito Santo, anunciado como originado em Jesus, embora nenhum evangelista chegue a afirmar que Jesus chegou a batizar, mas ele autorizou a comunidade cristã a batizar, o que tem sido feito ao longo do tempo.

Após introduzir a figura e a missão de João, com suas credenciais de testemunha da luz, passa-se passa a descrever o seu testemunho propriamente, marcado desde o começo pelo confronto com parte dos responsáveis pelas trevas que cobriam o mundo na época. Também nesse embate percebe-se o cuidado do evangelista na distinção entre João e Jesus, a luz, como se vê na sequência. Com isso, o evangelista adentramos na primeira seção narrativa do Quarto Evangelho. Eis o início: «Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: ‘Quem és tu?’» (v. 19). De início, é importante esclarecer que evangelista João emprega o termo judeus para designar as classes dirigentes de Jerusalém – sacerdotes, grupos hegemônicos, o sinédrio –, e não o povo judeu em geral. Certamente, as autoridades de Jerusalém receberam notícias preocupantes; a pregação de João começava a surtir efeito, muita gente ia ao seu encontro. Com isso, espalhavam-se boatos a seu respeito, como a própria identidade de Messias. Ora, a instituição religiosa controlava o nome de Deus e imaginava controlar também o seu agir, por isso, qualquer pregação não autorizada por ela era vista como concorrência e ameaça. Diante disso, foi enviada uma comitiva oficial, composta de sacerdotes e levitas, para fiscalizar e, possivelmente, reprimir a atividade de João. Inclusive, os levitas, membros dessa comitiva, exerciam a função de guardas do templo, além do auxílio aos sacerdotes nos ofícios litúrgicos. Como guardas, tinham a atribuição de reprimir e até prender quem fosse visto como subversivo e perturbador da ordem vigente. Como a luz é ameaça para as trevas, os movimentos populares são ameaças para os controladores da ordem vigente, para quem controla sistemas autoritários. Assim, a pregação de João preocupava os detentores de poder da sua época. Por isso, a necessidade da fiscalização da parte das autoridades de Jerusalém, preocupadas com a ameaça que João significava para o monopólio de Deus que imaginavam ter. A pergunta “Quem és tu?” demonstra essa preocupação. E, mais do que curiosidade, essa pergunta revela o menosprezo dos que se sentem os únicos autorizados a falar em nome de Deus. Revela também o medo da perda de privilégios.

O evangelista se serve do inquérito inquisidor da comitiva de Jerusalém para reforçar a necessária distinção entre João e Jesus, reconhecendo a importância de cada um na história da salvação, colocando cada qual no seu devido lugar. É isso que a sequência do texto vai mostrar. Por isso, ele diz que, como boa testemunha da luz, João responde, confessando quem ele não é: «João confessou e não negou. Confessou: ‘Eu não sou o Messias’» (v. 20). Quem tem consciência de sua missão, não assume o lugar e a competência do outro. Confessar (em grego: ὁμολογέω – homologuêo) é um verbo muito caro para a teologia do Quarto Evangelho; tem um sentido muito próximo ao significado de testemunhar. Inclusive, é dele que deriva o verbo latino “homologare”, do qual originou-se o verbo “homologar”, em português, que significa reconhecer algo como autêntico, validar. E o conteúdo da confissão de João acerca da sua identidade é de fundamental importância para a comunidade do evangelista. Ele se declara não ser o Messias. Havia muitos movimentos messiânicos na época, por isso havia o cuidado da instituição religiosa investigar e reprimir, por medo, pois a vinda do Messias marcaria o fim da própria instituição. A princípio, a resposta de João poderia até ter deixado os inquisidores aliviados, mas os deixou ainda mais confusos. Se ele tivesse se declarado como Messias, logo teria sido capturado e seu movimento terminaria ali mesmo. Ora, as lideranças de Jerusalém tinham medo de movimentos emancipatórios e de um messias que não se enquadrasse em seus esquemas doutrinais. A morte de Jesus na cruz é prova disso.

Aliviados por saber que João não era o Messias, mas preocupados com seu testemunho e confusos por não conseguirem catalogar sua identidade, os membros da comitiva de Jerusalém insistem com o interrogatório: «Eles perguntaram: ‘Quem és, então? És tu Elias?’. João respondeu: ‘Não sou’. Eles perguntaram: ‘És o profeta?’. Ele respondeu: ‘Não’» (v. 21). À medida em que perguntam, aumentando a pressão, as respostas de João vão ficando cada vez mais simples. O crescendo nas perguntas corresponde às concepções teológicas e expectativas messiânicas vigentes na época: acreditava-se que a manifestação do Messias seria precedida pelo retorno de Elias (Ml 3,21) e pela vinda de um profeta sucessor de Moisés (Dt 18,18). Como João confessou não ser o Messias, imaginavam que poderia ser um dos personagens que deveriam vir antes dele. Os Sinóticos relacionam João a esses personagens, ao apresentá-lo como precursor. Para o Quarto Evangelho, no entanto, João é apenas testemunha. Os enviados do templo para inspecionar a atividade de João, assim como seus chefes, tinham toda a doutrina da religião memorizada, viviam em função dela e fechados nela, a ponto de não aceitarem que Deus agisse fora de seus esquemas tradicionais. O evangelista, de modo sutil, denuncia tendências de fechamento na sua comunidade, mostrando que a ação de Deus transcende a doutrina. É impossível submeter o agir de Deus a um esquema doutrinal. Com isso, ele também denuncia os fiscais da fé. Em todas as épocas surgem pessoas com essa tendência.

Não sendo o Messias, nem o sucessor de Moisés, nem Elias, quem mais João poderia ser? Certamente, os investigadores ficaram ainda mais confusos, pois não conseguindo enquadrar João em um padrão estabelecido, eles não teriam justificativa para fazer o que que mais queriam: silenciar. Além disso, eles estavam a serviço de uma instituição repressora e opressora, logo, não poderiam ficar sem respostas para os chefes. Por isso, a pergunta revela o quão pressionados eles estavam: «Perguntaram então: ‘Quem és, afinal? Temos de levar uma resposta àqueles que nos enviaram. Que dizes de ti mesmo?’» (v. 22). Para os judeus legalistas, o que não fosse fundamentado pela Lei e os profetas, não podia vir de Deus. Assim, eles forçam uma autodeclararão de João sobre sua identidade. A lição do evangelista para sua comunidade serve para o cristianismo de todos os tempos: quando se fecha na doutrina, ignora-se a ação do Espírito. Por sinal, o Espírito é uma categoria muito importante para a comunidade joanina, porque ele ilumina e conduz à verdade, gerando amor entre todos; após a ressurreição, será o condutor da comunidade.

Todas as declarações atribuídas a João, obviamente, servem ao plano teológico do evangelista, que visa evidenciar a diferença entre ele e Jesus. Ora, para assumir sua verdadeira identidade, ele se negou a assumir o papel de todas as figuras escatológicas tradicionais, esperadas na época: o Messias, Elias e o Profeta no estilo de Moisés. Diante disso, ele assume seu verdadeiro papel, recorrendo à tradição profética: «João declarou: ‘Eu sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’ – conforme disse o profeta Isaías» (v. 23). Aqui o seu testemunho se revela, de fato, profético. O profeta é aquele que se esconde no anúncio, porque não é o conteúdo, mas apenas instrumento; é mensageiro, e não a mensagem. Ao declarar que é apenas uma voz, João confessa que Jesus, de quem ele dá testemunho, é a Palavra. A voz é apenas um eco que se dissolve e desaparece em poucos segundos, enquanto a Palavra permanece, é eterna, a qual existe deste o princípio (Jo 1,1). Com essa simples resposta, João antecipa a missão dos seguidores de Jesus em todos os tempos: ser voz que ressoa a única Palavra que liberta e salva.

Aplainar os caminhos do Senhor significa remover os obstáculos para que a mensagem libertadora do Evangelho possa ressoar e produzir efeitos. Esses obstáculos são: a injustiça, o ódio, a indiferença, a cobiça, a violência, a corrupção, o preconceito, o proselitismo, enfim, tudo o que impede os homens e mulheres de viverem como irmãos e irmãs, em plena liberdade e com seus direitos garantidos. Infelizmente, muitos destes obstáculos tinham sido postos no caminho pela própria religião institucionalizada. Por isso, seus dirigentes estavam preocupados com a voz forte de João, o qual anunciava em consonância com os antigos profetas, os quais também foram silenciados pela instituição religiosa (Amós, Jeremias, Isaías, Miquéias...). À medida em que os encarregados da religião oficial continuavam a interrogá-lo, João deixava cada vez mais clara a natureza da sua missão de preparar o caminho do Senhor, batizando com água aqueles que dele se aproximavam e, ao mesmo tempo, chamando a atenção para uma novidade: «João respondeu: ‘Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis’» (vv. 26). Nessa expressão está a chave de leitura de todo o texto para a perspectiva do advento: conhecer e reconhecer quem já veio e já está no meio. Não o buscar em eventos ou intervenções extraordinárias, nem esperá-lo em longas e utópicas vigílias, mas reconhecê-lo na situação presente, na simplicidade das coisas. É preciso tornar conhecido o que já está no meio e, animados pela sua presença humanizante, celebrar a sua primeira vinda com espírito de gratidão e renovação.

Depois da voz de João gritando no deserto, e do seu testemunho da luz, devemos reconhecer a presença de Jesus em nosso meio também dando testemunho da luz, ouvindo a voz que ressoa do deserto, mas também nos colocando como vozes da Palavra por excelência, Jesus. O reconhecimento passa pela abertura de mentalidade, a conversão, desarmando-nos do fechamento e rigidez das doutrinas, e aprendendo a reconhecer a ação de Deus nos acontecimentos do dia a dia. A certeza de que Ele está presente torna nosso caminho para acolhê-lo mais realista!

Pe. Francisco Cornélio F. Rodrigues – Diocese de Mossoró-RN

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