Neste ano, a
liturgia do vigésimo domingo do tempo comum é substituída pela solenidade da
Assunção de Maria, repetindo o que aconteceu no ano passado. Como se sabe, independentemente
do ano litúrgico em curso, o evangelho desta festa é sempre o mesmo: Lc
1,39-56. Trata-se de um dos textos mais conhecidos do Evangelho de Lucas, que
compreende a visitação de Maria à sua parenta Isabel, e o famoso cântico do
Magnificat. Embora a assunção só tenha se tornado dogma em 1950, pelo papa Pio
XII, as tradições relativas à festa em si são muito antigas. Inicialmente,
celebrava-se essa festa com a denominação de “dormição de Nossa Senhora”,
título que as igrejas do Oriente preservam até hoje. O sentido desta festa e do próprio dogma é fornecido pelo prefácio da
missa: “Hoje, a virgem Maria, mãe de Deus, foi elevada à glória do céu. Aurora
e esplendor da Igreja triunfante, ela é consolo e esperança para o povo ainda
em caminho, pois preservastes da corrupção da morte aquela que gerou de modo
inefável, vosso próprio Filho feito homem, autor da vida” (Prefácio da Assunção
de Nossa Senhora). Trata-se, portanto, de uma festa que imprime muita esperança
à Igreja e à humanidade inteira, pois expressa o cumprimento do amor de Deus
pelo ser humano, levando-o ao seu verdadeiro destino, que é a participação na
mesma glória de Jesus Cristo, seu Filho e nosso irmão. E Maria foi a primeira a
gozar plenamente deste privilégio.
Como sempre,
concentramos a nossa reflexão exclusivamente a partir do texto do evangelho
proposto, o qual possui grande importância para o conjunto da obra de Lucas. E
é importante começar considerando o contexto narrativo, que é o chamado
“Evangelho da Infância”, formado pelos dois primeiros capítulos do Evangelho
(Lc 1–2), que funcionam como introdução literária e síntese teológica de toda a
obra. De fato, é praticamente unanimidade entre os estudiosos que, no
“Evangelho da Infância”, Lucas antecipa as principais linhas teológicas da sua
grande obra, composta também pelo livro de Atos dos Apóstolos, ao mesmo tempo
em que sintetiza praticamente todo o Antigo Testamento e a história de Israel,
construídos a partir do binômio “promessa-cumprimento”. E o trecho lido hoje é
uma boa demonstração disso. De fato, os principais temas da obra lucana, como o
protagonismo das mulheres, a opção pelos pobres, a força transformadora do
Espírito Santo, a misericórdia de Deus e a natureza missionária da Igreja estão
bem presentes no evangelho de hoje. Igualmente estão presentes as temáticas da
fidelidade de Deus às suas promessas, ao longo da história, assim como o seu
favorecimento aos pequenos e marginalizados, traços bem característicos do
Antigo Testamento.
E o primeiro
tema evidenciado no evangelho de hoje é exatamente o protagonismo feminino: a
cena é dominada pelo encontro de duas mulheres que, em diálogo, expressam suas
impressões sobre os últimos acontecimentos, reconhecendo neles o agir de Deus,
e apontando um futuro novo. Ao longo de toda a Bíblia, são raras as cenas dessa
natureza. Com isso, o evangelista preconiza o início de uma nova história para
a humanidade, com novas perspectivas e esperanças; trata-se de uma história
construída e escrita a partir dos pobres, desprezados e marginalizados da
sociedade, como eram as mulheres na época em que Evangelho foi escrito. O que
Deus sempre propôs à humanidade, começa a cumprir-se e a realizar-se
definitivamente a partir do sim de Maria. Como pessoas simples e humildes,
Maria e Isabel, protagonistas do episódio, são uma prova de que o Deus de
Israel tem um lado na história: o lado dos pobres, humildes e marginalizados, a
quem ele dirige o seu olhar misericordioso (v. 48). Na
figura dessas duas mulheres, Lucas ilustra o encontro das duas alianças, dos
dois testamentos, reforçando a presença de Deus como artífice e condutor da
história.
Certamente
admirada com tudo o que estava acontecendo consigo e com Isabel, pois o anjo
lhe informara (Lc 1,36), Maria tomou a firme decisão de ir visitar sua parenta.
Assim diz o texto: «Naqueles dias, Maria partiu para a região
montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia» (v.
39). Embora a maioria das interpretações apontem o desejo de servir a Isabel
como o motivo da partida apressada de Maria, o texto não fornece nenhum indício
a respeito disso. Sem dúvidas, o serviço ao próximo sempre fez parte do estilo
de vida de Maria, sobretudo após o seu decisivo sim a Deus. Inclusive, ao dar o
sim ao projeto de Deus, ela se apresentou como verdadeira servidora (Lc 1,38).
Mas aqui se pode ver algo além disso. Ora, quando Maria questionou o anjo no
momento do anúncio, sobre como poderia engravidar se não tinha relação com
homem algum (Lc 1,34), o anjo disse que tudo seria obra do Espírito Santo, e
ainda deu um exemplo concreto como sinal e prova de que nada é impossível para
Deus: Isabel, uma anciã estéril, estava grávida (Lc 1,36). A gravidez de uma
anciã estéril seria tão surpreendente quanto a de uma jovem virgem. É,
portanto, normal e compreensível que Maria tenha procurado Isabel para
confirmar se o que anjo lhe dissera era verdade, afinal, ela era muito jovem
para compreender temas dessa natureza, ainda mais por integrar uma sociedade
marcada por inúmeros tabus, sobretudo para as mulheres. Também é normal que
tenha procurado sua parenta para partilhar a alegria do que estava acontecendo
com ambas, como sinal da fidelidade de Deus ao seu povo, Israel, de quem as
duas são imagens.
Ao conceder
tanto espaço a Maria no início do seu Evangelho, Lucas está criando o modelo ideal
de discípulo e discípula para Jesus. Por isso, é importante apresentá-la em
movimento, disposta a proclamar, até nos lugares mais distantes, as maravilhas
de Deus e a certeza de que ele está construindo uma nova história, a partir das
pessoas humildes e marginalizadas. A partida de uma jovem grávida de Nazaré, na
Galileia, para a Judeia antecipa os desafios da missão e a necessidade dos
discípulos de todos os tempos estarem sempre em estado de saída. Mesmo que a
distância não fosse tão grande, as circunstâncias eram muito adversas para uma
jovem mulher. É típico da obra lucana o movimento, o sair de si. Essa partida imediata
de Maria faz dela um modelo de discípula e, ao mesmo tempo, inaugura o primeiro
movimento de Jesus: ainda no ventre, Ele já estava inquieto e pronto a romper
qualquer situação de estabilidade e tranquilidade, mesmo enfrentando
adversidades e perigos, como Maria teria enfrentado no caminho, indo sozinha
para uma região montanhosa e de difícil acesso.
O evangelista
diz que, chegando ao destino, Maria «Entrou na casa de Zacarias e
cumprimentou Isabel» (v. 40). Muito mais do que cumprimentar, o verbo
“saudar” seria mais apropriado na tradução do texto. A expressão hebraica para
a saudação é o desejo de paz – o hebraico shalom. Mais tarde, ao enviar seus
discípulos em missão, Jesus ordenou que eles desejassem a paz em cada casa que
entrassem (Lc 10,5). Isso mostra que, aqui, mais uma vez, Maria antecipa a
atitude de cada discípulo e discípula de Jesus: ser portador(a) da paz! Maria é
mesmo a imagem ideal de todo discípulo e discípula de Jesus. E a paz que Jesus
comunica é sempre inquieta; não é tranquilidade nem resignação; é o acesso aos
bens messiânicos, como a libertação de todas as cadeias de morte impostas pelos
sistemas dominantes, é a conquista de um mundo com igualdade e bem-estar para
todos. E o evangelista sempre apresenta Maria quebrando paradigmas: como mulher
inovadora e corajosa, ela ignora a tradição patriarcal e saúda a mulher ao
invés do homem, ao entrar na casa (v. 40). Assim, ela provoca uma verdadeira
revolução e inversão de valores nas relações sociais, como aprofundará mais
adiante, no seu hino, o Magnificat. Na sociedade do seu tempo, quem deveria ser
saudado era o dono da casa; saudando a mulher, ela afirma que um tempo novo
está surgindo, com novas relações e uma nova ordem. Percebe-se que, apesar de
poucos, cada gesto de Maria antecipa o futuro agir libertador Jesus. O mesmo
pode ser constatado com suas palavras que, embora também sejam poucas, antecipam
toda a mensagem de Jesus. Isso quer dizer que, ao mesmo tempo em que Lucas a
apresenta como modelo de discípula, ele reconhece que, na condição de mãe, ela
foi também mestra de Jesus.
A saudação de
Maria irradia paz no ambiente, a ponto de fazer até mesmo a criança, ainda no
ventre, agitar-se (v. 41a), o que confirma que a paz de Jesus, que ela
antecipa, não combina com tranquilidade, mas provoca inquietude. Isso porque
Isabel também ficou «cheia do Espírito Santo» (v. 41b), como
Maria já estava. Trata-se do mesmo Espírito prometido pelo anjo a Maria no
momento do anúncio: «O Espírito Santo descerá sobre ti» (Lc
1,35a). Como força vital, o Espírito Santo é luz irradiante e interpelante, que
pode ser sentido quando transmitido por pessoas cheias dele, como Maria. Quem
recebe o Espírito Santo, o irradia por onde passa e onde chega, como um
contágio. A atitude de Isabel não poderia ser outra, senão exclamar,
gritando: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu
ventre!» (v. 42). É a palavra profética que nela se atualiza. Sabendo
que Maria carregava dentro de si o Messias, isso fazia dela a mais “bendita”
entre todas as mulheres. Assim, Isabel torna-se a primeira a proclamar as
“bem-aventuranças” no Evangelho de Lucas. Ora, gerar filhos na mentalidade
bíblica, era sinal de bem-aventurança e bênção; uma confirmação de que se tinha
Deus a seu favor. Logo, gerar o Messias tão esperado seria prova de uma
dignidade inigualável.
Tendo composto
seu Evangelho com muita atenção para a Escritura hebraica, o Antigo Testamento,
Lucas procura atualizá-la no “evento Cristo”. Assim, na continuação da
exclamação de Isabel, o evangelista desenha Maria como a nova “Arca da
Aliança”. Como sabemos, na arca da aliança eram guardadas as tábuas da lei,
sinal máximo da presença de Deus no meio do seu povo, conforme a fé do povo de
Israel. Com esta exclamação de Isabel: «Como posso merecer que a mãe do
meu Senhor me venha visitar?» (v. 43), Lucas relembra e atualiza as
palavras de Davi quando estava para receber a Arca em sua casa: «Como
virá a Arca de Iahweh para minha casa?» (2 Sm 6,9). Portanto, Lucas
percebe em Maria a arca da nova da aliança, não mais portadora da Lei escrita
em tábuas de pedra, e sim portadora do amor e da misericórdia de Deus, conforme
Jesus veio manifestar ao mundo. E a Lei que Maria carrega em si é o próprio
Jesus, com seu Evangelho libertador e o Espírito Santo, do qual ela estava
cheia e, por isso, o irradiava, sendo a primeira a viver a experiência de
Pentecostes, enquanto envio do Espírito Santo ao mundo. Convém recordar que
Lucas compara os eventos do Antigo Testamento com os do Novo para mostrar a
superioridade do Novo. Assim, enquanto diante da arca, Davi exclamou com medo
(2 Sm 6,10), diante de Maria, Isabel exclamou de alegria, o que mostra que a
Lei escraviza, enquanto o Espírito, que é amor, liberta, transforma, humaniza.
E, mais uma
vez, Lucas faz Maria ser reconhecida como bem-aventurada: «Bem-aventurada
aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu» (v.
45). O motivo do reconhecimento, desta vez, é a fé: ela é bem-aventurada porque
acreditou. Além de exaltar a fé de Maria, as palavras de Isabel funcionam
também como uma repreensão ao seu esposo Zacarias, o qual, ao contrário de
Maria, não acreditou no anúncio do anjo (Lc 1,20), por isso ficou mudo até que
o menino nascesse. Assim, Isabel combate a incredulidade do marido e reforça a
sua fé renovada pela presença de Maria, como ela confessou: «Será
cumprido o que o Senhor lhe prometeu» (v. 45b). Ao repreender a
incredulidade do esposo Zacarias, um sacerdote, Isabel proclama a decadência da
antiga religião oficial do templo, demonstrando que somente os pobres, simples
e humildes são capazes de acolher as intuições do Espírito Santo, como fez
Maria. Assim, a religião do rigor e da Lei estava superada, pois não capacitava
o ser humano para perceber o agir de Deus na vida e na história. Isso quer
dizer que, para o evangelista, o exemplo de fé não está nas autoridades
religiosas, mas nas pessoas simples e humildes.
Na sequência do
texto, finalmente, Maria toma a palavra, pois somente Isabel tinha falado até
aqui. As entrelinhas apontam para um provável constrangimento de Maria, diante
de tantos elogios. Por isso, o evangelista mostra ela praticamente
interrompendo Isabel, para expressar a sua alegria e o louvor a Deus, com o seu
magnífico cântico (vv. 46-54). Isto reflete, certamente, a preocupação do
evangelista com a construção futura da imagem de Maria na Igreja: não é ela que
deve ser louvada, mas o Deus que agiu nela. O centro do culto e da vida cristã
é sempre Deus, pois é ele o autor das maravilhas operadas e, portanto, é a ele
que o reconhecimento e o louvor devem ser dirigidos. O Magnificat é o primeiro
dos cânticos que Lucas apresenta em seu Evangelho. Trata-se de uma composição
que sintetiza todo o Antigo Testamento e, ao mesmo tempo, antecipa a missão de
Jesus. Lucas faz uma construção nova com pedras antigas, pois o texto é um
verdadeiro mosaico de citações do Antigo Testamento. A estrutura básica é tomada
do cântico de Ana (1Sm 2,1-10), o que se explica pela semelhança das duas
situações, uma vez que, assim como Isabel, também Ana era considerada estéril e
concebeu um profeta, Samuel, como Isabel concebeu João Batista. Se Isabel
estava maravilhada por contemplar grandes coisas (vv. 42-45), Maria lhe ajuda a
compreender melhor tal situação, convidando-a a olhar para a história e
perceber que, na verdade, esse Deus de Israel nunca esqueceu o seu povo, sempre
fez grandes coisas em seu favor e, portanto, é a Ele que o louvor deve ser
dirigido. Tudo o que estava acontecendo era dom de Deus e prova da sua
fidelidade.
Em seu cântico,
Maria personifica Israel e resume os grandes feitos de Deus na história,
destacando, sobretudo, a sua predileção pelos pobres, humildes e humilhados.
Quando reconhece que «o Todo-Poderoso fez e faz grandes coisas» (v.
49), também se afirma que não há outros poderosos, exatamente porque devem ser
derrubados de seus falsos tronos (v. 52). E essa é a primeira condição para o
início da edificação do Reino de Deus: a queda dos poderosos, ou seja, de todos
os detentores de poder que oprime e mata. Um só é o Poderoso, Deus, e este
destina seu poder em favor da libertação dos pequenos. Temos, então, o início
do cumprimento das antigas promessas, agora sob a responsabilidade de Jesus e
da comunidade dos seus discípulos, da qual Maria é modelo. Aqui, mais uma vez,
Lucas faz Maria antecipar o programa messiânico de Jesus, que será anunciado na
sinagoga de Nazaré (Lc 4,16-18) e confirmado no sermão da planície. De fato, a
expressão «Encheu de bens os famintos» (v. 53a), antecipa as
bem-aventuranças dirigidas aos pobres (Lc 6,20-21); já a expressão «Despediu
os ricos de mãos vazias» (v. 53b) antecipa as maldições lançadas
contra os ricos – “ai de vós” (Lc 6,24-25). O Magnificat é, sem dúvidas, a
síntese da oração de Israel que deverá ser continuada pela comunidade dos
discípulos de Jesus, a comunidade cristã. É clara, portanto, a intenção de
Lucas de antecipar a missão de Jesus. Isso mostra também que ele é o
evangelista que mais retoma a mensagem profética de denúncia às injustiças
sociais. A predileção de Deus pelos pequenos, tão clara no ministério de Jesus,
é central na mensagem dos profetas do Antigo Testamento. E o Magnificat
evidencia bem essa continuidade.
A conclusão do
texto reafirma a imagem de Maria como nova arca da nova aliança, mas com uma
dimensão completamente nova. Diz o evangelista que «Maria ficou três
meses com Isabel; depois voltou para casa» (v. 56). No Antigo
Testamento há uma expressão muito parecida com essa, em 2Sm 6,11, e certamente
Lucas pensou nela, ao falar da permanência de Maria na casa de Isabel: «A
Arca de Iahweh ficou três meses na casa de Obed-Edom de Gat, e Iahweh abençoou
a Obed-Edom e a toda a sua família». A presença de Maria na casa de Isabel
foi, com certeza, a confirmação da bênção de Deus sobre ela, seu esposo
Zacarias e o filho esperado, João. Mas a bênção que a presença de Maria
inaugura é infinitamente superior a tudo o que até então se tinha experimentado,
pois é o início da plenitude da presença de Deus em meio ao seu povo. Na arca
da nova aliança já não há tábuas de pedra com a Lei inscrita, não há mais norma
nem preceito; há o Espírito Santo e Jesus, expressão máxima do amor e da
misericórdia de Deus para com toda a humanidade. O tempo de permanência de quem
irradia o Espírito Santo e a alegria do Evangelho, como fez Maria e assim devem
fazer os discípulos de todas as épocas, é o suficiente para ressignificar a
vida e ler os acontecimentos do presente à luz de tudo o que Deus tem realizado
ao longo da história, como cantado no Magnificat.
Mais do que um
reforço à devoção, o evangelho deste dia é um convite e advertência à
comunidade cristã a reencontrar-se com suas origens, com sua identidade
missionária e sinodal, assumindo seu compromisso de ser presença do Reino,
promovendo igualdade e fraternidade. Para isso, é necessário renovar a
confiança no Espírito Santo, que é aquele que dá impulso à força transformadora
dos pequenos e humildes. Um trecho do evangelho tão significativo como este, no
qual apenas duas mulheres falam, discutindo um novo rumo para a humanidade, não
pode deixar de ser visto também como um sinal de que a voz feminina precisa ser
mais ouvida e valorizada na Igreja.
Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues – Diocese de Mossoró-RN
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