segunda-feira, abril 11, 2016

PEDRO, TU ME AMAS? SIM, SENHOR, EU TE QUERO BEM!

Algumas linhas de reflexão sobre o Evangelho do terceiro domingo da páscoa (10/04/2016):

1. O capítulo 21 do Evangelho de João não pertence a redação original do Evangelho; é um acréscimo posterior; João já tinha encerrado seu evangelho em 20,30-31.


2. A primeira parte (21,1-14), referente à pesca, é uma espécie de parábola sobre a comunidade cristã, já que após os apóstolos receberem o Espírito Santo, eles não voltaram mais à vida de antes, mas viveram somente para o anúncio do Evangelho; logo, não voltaram mais à vida de pescadores;

3. Os versículos de 1-14 querem dizer que os esforços da Igreja são inúteis se não se baseiam no que Jesus ordenou;

4. A comunidade pode até trabalhar pesadamente, mas só faz a pesca verdadeira acontecer quando é o Ressuscitado que recomenda.

5. Eles tinham pescado a noite sem sucesso; Jesus aparece ao amanhecer e recomenda que lancem as redes, e dessa vez a pesca tem êxito: quer dizer que nada na comunidade pode ter êxito se não for à luz do Ressuscitado!

6. Os versículos de 16-19 são o coração da passagem: Jesus pergunta três vezes se Pedro o ama porque quer sanar o remorso e a dívida de Pedro após tê-lo negado três vezes.

7. Na primeira vez Jesus pergunta usando o verbo αγαπαω "agapao", verbo que expressa o amor por excelência; Pedro responde com o verbo φιλεω "filêo", verbo que expressa amizade, querer bem; Em outras palavras, Jesus pergunta se Pedro o ama, e Pedro diz que lhe quer bem. Ou seja, Pedro não estava preparado para corresponder ao amor de Jesus. Eles viviam níveis diferentes de amor.

8. Da segunda pergunta em diante, Jesus passa a usar também o verbo "Filêo", percebendo que o amor supremo é um caminho: o atual querer bem de Pedro pode um dia tornar-se verdadeiro amor!

9. Ao pedir para Pedro cuidar ou apascentar, ele não pede para Pedro governar a Igreja, mas para servir! Apascentar exige cuidado, cuidado pressupõe o querer bem. Logo, a autoridade na Igreja jamais deve sobrepor-se ao serviço.

10. Quando Pedro fica triste, é por causa do remorso da traição. Ele lembra que as três perguntas se referem à triplice negação.

11. O Ressuscitado continua sendo uma pessoa real e concreta, não um ser abstrato; por isso pede que Pedro lhe siga (v. 19); Ele é alguém que continua na história a abrir sempre novos caminhos, caminhos que devem ser observados e seguidos pela Igreja.


Francisco Cornelio Freire Rodrigues

Nenhum comentário:

Postar um comentário

REFLEXÃO PARA O 4º DOMINGO DA PÁSCOA – JOÃO 10,11-18 (ANO B)

O evangelho do quarto domingo da páscoa é sempre tirado do capítulo décimo do Evangelho de João, no qual Jesus se auto apresenta como o ún...